Alex Padang taxa cortes como decisão inevitável

A crise voltou a bater a porta do América e foi a falta de perspectivas de novas entradas de recursos de imediato, que o presidente do clube, Alex Padang, usou para explicar o motivo da mudança de rumo no futebol. Em entrevista coletiva realizada ontem, na sede social do alvirrubro, o dirigente confirmou a necessidade de fazer um corte radical no elenco a fim de adequar receitas e despesas. No entanto negou que ao menos tenha passado pela sua cabeça a condição de renunciar ao cargo.

Adriano Abreu 

Alex Padang já conversou com Netinho e o jogador deve deixar o time.

Cascata deve ficar no clube

"Mesmo vivendo 20 dias angustiantes, vendo todas as nossas fontes de receitas se desfazerem, jamais pensei em deixar o cargo de presidente. O que eu vou fazer é enfrentar esse problema de frente. Só poderei vir renunciar ao meu cargo algum dia nas seguintes hipóteses: para atender uma ordem da minha mãe, se notar que a torcida não me quer mais ocupando o cargo ou então se o conselho deliberativo se reunir e me disser que eu não estou mais sendo útil ao América", ressaltou Padang. O dirigente disse que entre ter um time favorito à conquista do título do Campeonato Estadual ou chegar em casa a noite, encostar a cabeça no travesseiro e conseguir dormir tranquilo por saber que não está atrasando os salários de vários pais de família, ele prefere a segunda hipótese. Pois para manter o América funcionando são gastos R$ 580 mil/mês e a arrecadação é apenas metade disso. "Eu já agi irresponsavelmente na minha vida em 1998, quando fui candidato a deputado contrai uma série de dívidas e acabei quebrando minhas duas empresas. Isso causou um sofrimento muito grande a minha família, mas também serviu para nos unir mais também. Eu aprendi a lição e não pretendo repetir aquela experiência de vida outra vez", ressaltou. Além de toda comissão técnica, a lista de dispensa para adequar o grupo a atual realidade do clube deve atingir funcionários do CT e da sede social. Dos atletas que vêm conversando apenas o atacante Rico teve o nome divulgado pelo dirigente. "Está sendo muito duro para mim, me sinto responsável por cada um desses atletas que estão no América e também pela família deles. Alguns são meus amigos pessoais, como é o caso do próprio Roberto Fernandes. Estou agindo com sinceridade, falando com cada um frente a frente, fazendo questão de mostrar também que não foi um ato irresponsável quando optei por montar um grande elenco no América. A questão é que nós tínhamos a previsão de receitas, porém muitas delas terminaram por não se confirmar", disse o presidente americano. Alex Padang enumerou como fatores para desencadear a crise os seguinte motivos: a não confirmação da venda do meio-campista Fabinho, o atraso no pagamento da venda do atacante Isac para o futebol chinês, a baixa arrecadação da Timemania, o atraso na confirmação do patrocínio com a Caixa Econômica Federal, os seguidos prejuízos registrados nas partidas em Goianinha, o assalto dos R$ 300 mil e a demora no acerto para exploração da Arena das Dunas, com a OAS, e que inclusive será tema de debate na próxima reunião do conselho deliberativo do clube, marcada para o próximo dia 21. O presidente do América disse que não está muito propenso a realizar um realinhamento salarial com os jogadores, pois acredita que ainda assim a situação ficaria difícil. Ele argumenta que os torcedores podem até ficar magoados com a atitude tomada, mas devem entender que uma dívida de R$ 250 mil mensais é uma exorbitância para um clube do porte de um América. "Você fica acumulando essa quantia por dois meses, lá se vão R$ 500 mil. Nesse ritmo iriamos acabar o Estadual com um débito de R$ 1 milhão e eu não estou aqui para colocar em risco o patrimônio do América e nem sujar o nome do clube. O torcedor precisa continuar apoiando o time que vai ficar ai", afirmou Alex Padang.
Fonte: Tribuna do Norte