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Roberto Fernandes conversa com os auxiliares Luiz Müller
e Zé do Carmo (Foto: Arthur Barbalho)
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O jogo entre ABC e América-RN deste sábado reserva situações especiais para mais um Clássico Rei, como o reencontro de Leandro Sena e Roberto Fernandes e o duelo entre os artilheiros Max e Rodrigo Silva.
Além desses personagens, quatro profissionais figuram como “homens de
confiança” dos treinadores, exercendo o papel de auxiliares técnicos. Do lado do Mais Querido, Zé do Carmo e Luiz Müller são a "sombra" de
Roberto Fernandes. Cabe a eles a responsabilidade de observar o que
acontece dentro e fora de campo e dar uma percepção diferente daquela
feita pelo treinador. A parceria, de longa data, vem dando frutos. Após a
chegada do trio, o ABC emendou uma sequência de seis vitórias na Série B
do Campeonato Brasileiro. Zé do Carmo disse que a parceria começou em 2007, em Pernambuco, quando
os dois trabalharam no Náutico e livraram o “Timbú” do rebaixamento. Comecei a trabalhar com Roberto em 2007 quando eu era coordenador
técnico do Náutico. Roberto chegou para nos ajudar a sair da zona do
rebaixamento, fato que nós conseguimos. Em 2010, passei a trabalhar como
auxiliar dele, também no Náutico - lembra. Já para o outro assistente, Luiz Müller, a parceria e, sobretudo, a
amizade, é ainda mais antiga. Os dois já percorreram vários clubes do
futebol brasileiro, como Anapolina, Vila Nova, Santo André, Brasiliense,
Náutico e Atlético-PR, mas deram um tempo em 2010, quando Müller
assumiu o comando técnico do Fortaleza. Com a ida de Roberto Fernandes
para o ABC, o treinador pôde, enfim, reunir seus dois fieis escudeiros
na tarefa de tirar o Mais Querido da zona de rebaixamento. Já do lado do Mecão, Moura e Severo Júnior fazem um trabalho de “cães
de guarda”, cercando Leandro Sena com todas as informações e observações
sobre o rendimentos dos jogadores da casa e, principalmente, dos
adversários.
Leandro Sena comanda o América-RN com o auxílio
de Severo Júnior e Moura (Foto: Jocaff Souza)
Mais experiente do trio, Moura, ex-jogador do América e integrante do
time campeão da Copa do Nordeste, em 1998, sabe que uma boa conversa
pode ajudar nas decisões em campo. Para o auxiliar, que também acumula o
cargo de diretor de futebol do clube, a linguagem do boleiro é
transmitida com mais facilidade quando se tem essa aproximação com os
jogadores. É importantíssimo esse trabalho do auxiliar. Estamos, tanto eu quanto
o Severo Júnior, nesse suporte técnico, sempre trocando ideias, batendo
um papo, procurando aquela melhor formação e também para fazer aquela
leitura do jogo. Leandro Sena está começando a carreira e vem se
mostrando um excelente treinador e está provando isso com os resultados.
Por isso trabalhamos em conjunto para observar situações que de
repente, em campo, o treinador não consiga enxergar. É importante ter um
treinador que consiga ter a mesma linguagem do time - explica Moura. O mais “novo” dos três, mas com um experiência adquirida ao longo de
sete anos vestindo a camisa alvirrubra, Severo Júnior está no América
desde os tempos em que era jogador das categorias de base do clube.
Hoje, atua como auxiliar técnico e disse que já perdeu as contas de
quantos clássicos já disputou. Eu já perdi as contas de quantos clássicos contra o rival eu já
disputei. Desde as categorias de base, quando era atleta, depois na
figura de treinador da categoria de base e agora como auxiliar, faz mais
de 30 clássicos - conta. Luiz Müller avalia que as características do trio alvinegro são muito
diferentes, mas quando são colocadas em conjunto, tem contribuído para a
melhoria do ABC, dando motivação aos jogadores. Cada um tem sua parcela. O Roberto é mais motivacional, é um cara que
consegue colocar o grupo para cima. Já o Zé tem um excelente convívio
com os atletas, isso ajuda no equilíbrio o grupo. Eu trabalho mais a
parte tática. Esse trabalho é um complemento. No futebol, se você não
estiver ligado você acaba perdendo um jogo e ter uma comissão grande
ajuda muito destaca. Zé do Carmo também atuou com Roberto Fernandes no ex-clube, o América.
Agora em lado oposto, o auxiliar pretende usar o conhecimento que tem
dos jogadores alvirrubros para vencer o adversário. Conhecendo as características dos jogadores, ajuda bastante o nosso
trabalho. Muitos dos nossos atletas já atuaram com alguns atletas do
América. Mas clássico é diferente. Quem melhor encarar a partida como a
mais importante vai levar vantagem - ressalta o auxiliar. Do lado americano, Moura atua como a “segunda voz” de Leandro Sena, mas
sem esquecer um instrumento especial: a prancheta. O auxiliar faz
várias anotações e discute com o treinador a melhor forma de montar o
time em campo.
Dividimos o nosso trabalho de uma forma racional. No campo, trabalho
junto com Sena, enquanto que Severo fica nas arquibancadas ou em uma
parte superior do estádio, fazendo anotações e observações sobre o jogo.
Durante o decorrer do jogo, eu fico sempre ao lado de Sena e uso uma
prancheta para destacar algum posicionamento de um atleta e observando
alguns lances em que ele esteja focado em outra parte do campo - conta
Moura. Como a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) proibiu a utilização de
rádios transmissores durante os jogos, Severo é o responsável em
observar o posicionamento do time adversário e repassar ao técnico
alvirrubro. Hoje em dia, cortou-se a utilização do ponto eletrônico e por isso
fico responsável por anotar os detalhes, como alguma bola parada, uma
situação que não está sendo executada pela nossa equipe ou que a equipe
adversária tenha tido uma movimentação diferente.
Por Arthur Barbalho e Jocaff Souza
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