O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

domingo, 27 de outubro de 2013

“Por erro meu, acabei tomando injeções para jogar”


Ele é um daqueles jogadores que teve a rara felicidade de ser ídolo das duas maiores torcidas do estado e também as maiores rivais, porém Cascata ressalta que sempre contou com o respeito dos torcedores americanos e abecedistas. O jogador que vem tentando pegar ritmo de jogo, depois de passar mais de sessenta dias em tratamento de uma canelite, contusão, inclusive, que o fez pensar em abandonar o futebol, revela que devido ao problema e por não querer sair da equipe num momento bom, atuou vários jogos sob efeito de remédio e injeções para aliviar as dores que sentia, o que acabou agravando o seu quadro. Veja o que mais Antônio Givanildo da Silva Santos — o Cascata — disse nesta entrevista à TRIBUNA do NORTE.


Emanuel AmaralEx-frentista de posto de gasolina, Antônio Givanildo da Silva Santos, nasceu na cidade de Tanquinho na Bahia e iniciou na carreira de futebol em 2004 pela Catuense 
Como você se encontra depois desse longo tempo de inatividade?

Estou bem, me sinto muito bem. O fato de estar entrando nos jogos é bom. Estou necessitando de mais ritmo de jogo, porém já tenho de agradecer a Leandro Sena (técnico do América) e ao Moura (auxiliar técnico) por estarem me dando as oportunidades. Acredito que estou numa sequência boa.
Para quem está habituado ser titular, incomoda o fato de hoje estar na reserva?
Incomoda. Mas eu tenho de ter paciência e continuar trabalhando muito, pois só assim poderei mostrar para Moura e para o Leandro Sena que eu tenho condições de jogar. Mas eu respeito a decisão e os companheiros que estão jogando. A titularidade depende de mim também, para tanto tenho de continuar trabalhando forte e demonstrando serviço quando as oportunidades surgirem.
Na condição que se encontra atualmente, você acredita que teria condições de atuar os 90 minutos?
Isso é muito relativo, apenas dentro da partida é que podemos sentir se podemos ou não de suportar o ritmo. Se o jogo está muito corrido, pegado, de uma forma que obrigue o atleta a ter um pouco mais de desgaste, certamente que não. Mas muitas vezes os jogos não são desenvolvidos dessa forma. Eu estarei à disposição de Sena, me sinto em condições hoje de entrar tanto de titular como ficar de opção para outro momento das partidas. Dentro dessa questão toda devemos entender que o mais importante é o bem do América.
Leandro Sena falou que neste momento precisa de atletas que estejam bem fisicamente e com capacidade para se doar 110% ao América. O Cascata estaria em condição de fazer isso?
Como eu disse, ainda necessito de um maior ritmo de jogo. Mas cada dia que passa eu me sinto bem melhor. Estou me soltando a cada treino e evoluindo um pouco mais a cada trabalho. Mas também não posso te dar essa resposta, pois isso é muito subjetivo. Tem dias que você entra em campo preparado para dar 110% e acaba não rendendo nada, no outro o cara entra nem tão bem assim e acaba rendendo até mais que isso. Futebol não é uma coisa exata, onde você determina o que deseja fazer. Respeito a posição de Sena e volto a esclarecer que estou trabalhando para render não só os 110% que ele precisa hoje, quero render 120% ou até 130%.
A idolatria a Cascata parece ter ficado no subconsciente do torcedor americano. Você chegou ao clube depois de vestir a camisa do rival e não demorou a assumir a condição de ídolo. Você esperava que isso ocorresse de forma tão rápida?
Não é puxar sardinha para meu lado, longe disso, mas sou uma pessoa que respeita todo mundo. Procuro sempre tratar as pessoas bem e acredito que ninguém tem o que dizer ao meu respeito não só em Natal como em todo estado do Rio Grande do Norte, tanto dentro como fora de campo, aonde chego eu sou bem tratado justamente por causa disso. Joguei pelo América em 2008, fui muito feliz no clube e depois que vesti essa camisa as portas se abriram para mim. Antes eu não era conhecido, jogava apenas nas divisões inferiores de São Paulo e sou muito grato por isso. Eu deixei uma semente plantada aqui nessa época e mesmo indo jogar pelo grande rival e me tornando adversário por um período, retornei e continuei trabalhando no clube de forma muito séria e graças a Deus ficou provado que os torcedores continuaram alimentando um respeito muito grande por mim e eu tenho um respeito grande por eles também.
Como é que esse respeito dos torcedores chega até você?
Quando eu estive lesionado a quantidade de mensagem que eu recebia deles era muito grande. Todos sempre me davam força e me tratavam com bastante carinho. Ninguém nunca disse que eu estava fazendo corpo mole e querendo roubar o América, como é comum nestas ocasiões. Eles sempre me passavam mensagens positivas, diziam que acreditavam em mim e que se não desse para voltar este ano ano diziam que esperariam para me ver pronto na próxima temporada. Eu estou muito tranquilo e tenho certeza que vou dar uma resposta muito positiva a esse torcedor americano.
Alguns torcedores do ABC se mostraram decepcionados quando você deixou o clube, isso já te provocou algum contratempo nas ruas? Essa relação continua sendo de respeito?
Sim, tenho respeito. Quando joguei o clássico e na semana seguinte acabei sentido a contusão na canela, contra o América Mineiro, eu juro que pensei em parar com o futebol. E na minha página na internet recebi vários apoios dos torcedores americanos e abecedistas também. Eles falavam que não era o momento de pensar nisso, para eu erguer a cabeça. Onde eu chego, que tem abecedista, eles dizem para mim que independente do que ocorreu eles continuam torcendo pelo meu sucesso. Isso me deixa muto feliz, pois mostra retribuição pelo respeito que trabalho nos clubes. Algumas vezes tive deslizes extracampo, mas quando estava dentro das quatro linhas sempre trabalhei com bastante respeito a camisa que vestia. Por causa disso é que talvez eu seja tão respeitado.
Mas por que passou pela sua cabeça abandonar o futebol tão cedo?
Por que eu vinha atravessando um período muito difícil. Eu amo jogar futebol e o clube vinha passando por um momento delicado dentro da competição e você ali sem condição de ajudar de alguma maneira dentro de campo. Isso me abatia, me deixava triste. As dores que eu sentia também eram insuportáveis, não aguentava ficar de pé. Tanto que minha esposa disse que tinha um cantinho do sofá lá de casa que já tinha a minha marca, eu ficava lá tentando fazer o tempo passar jogando videogame e minha vida se tornou isso, sair daquele cantinho para realizar tratamento e voltar. Passaram muitas coisas pela minha cabeça, minha esposa ficou com receio que eu desenvolvesse algum tipo de depressão, pois  ano passado já havia sido difícil para mim por causa de uma lesão nos ligamentos cruzados do joelho e que me afastou por seis meses do futebol.
Emanuel AmaralCascata considera que a carreira profissional propriamente dita teve início no América, em 2008. Antes disso, ele passou pela Ferroviária (SP) 

Mas o que te fez tirar essa ideia da cabeça?
Algumas coisas e algumas pessoas. Entre essas pessoas está o presidente do clube, Alex Padang, e a quem quero demonstrar toda minha gratidão. Quando ficou sabendo do problema, ele um dia me ligou para conversar, lembro que chorei muito com as palavras que ele me disse. Naquele momento Alex foi bem mais que um presidente do clube onde eu atuava, foi um pai, uma pessoa que realmente mostrou estar preocupada com o próximo. Volto a frisar, sou muito grato a Alex por causa disso.
O cascata está otimista com a salvação dos dois clubes potiguares na série B ou acredita que em 2014 só terá lugar para um daqui na competição?
Eu sou um cidadão potiguar e torço para que os dois permaneçam. Tenho amigos, bons amigos por sinal, do lado de lá. Conheço do roupeiro ao presidente e me dou bem com todos,  não posso torcer pela infelicidade dessas pessoas que sempre me trataram bem. Espero que os dois permaneçam, mas se tiver de ficar apenas um: que seja o América!

Vicente Estevam - repórter de Esportes

Nenhum comentário:

Postar um comentário