É normal,
quando crianças, o filho ou filha afirmar que, quando crescer, vai
querer seguir os passos dos pais, em relação à profissão. Seja médico,
jornalista, advogado, gari, professor, os filhos veem o trabalho dos
pais como o futuro profissional. E, quando o pai é jogador de futebol,
como se diz nas ruas, a paixão nacional? Aí a escolha fica mais fácil,
levando em conta que o filho goste de jogar bola. E, ao que parece, o
meio campo Cascata, do América, influenciou, diretamente, na escolha do
seu filho mais velho, Brendo, de 17 anos, por seguir os passos do pai.
adriano abreu
Na
sua terceira passagem no América, o meio campo Cascata
vai ter a
oportunidade única de poder atuar com seu filho,
Brendo, que, aos 17
anos, foi profissionalizado pelo América
Até esse
ponto, nada fora do comum, porque o que mais se vê são filhos de
ex-jogadores, tentando a vida no mundo do futebol: Romarinho, filho mais
velho de Romário, acertou com o Vasco. Matheus, filho de Bebeto, já é
profissional do Flamengo. Os filhos de Marcelinho Carioca estão
iniciando no futebol amador. O primogênito de Casagrande, que usa o
mesmo nome do pai, tenta a sorte no futebol do interior paulista. Isso,
para ficar em nomes de um passado recente do futebol brasileiro. Edinho,
filho do rei do futebol, Pelé, ao contrário do pai, optou por ser
goleiro e teve uma boa história pelo Santos, manchada por problemas
extra-campo. A diferença deles para Cascata é de que, aos 32
anos, ele tem a oportunidade de jogar com o filho uma partida
profissional. No final do ano passado, antes mesmo de saber que o pai
estava voltando para o América, Brendo assinou seu primeiro contrato
como profissional, que vai até maio de 2016. Integrado ao grupo que vem
sendo trabalhado por Roberto Fernandes, ele ficou feliz com a chegada de
seu maior ídolo ao clube. “Foi
uma surpresa e alegria para mim, já que não sabia que ele vinha
negociando sua volta ao América. Agora, vou ter a oportunidade de jogar
com meu pai, de forma profissional. Isso é muito bom”, afirma o jovem
atacante. Mas, para realizar o sonho, ele vai ter que correr
atrás do seu sonho. A concorrência no setor ofensivo do América é
grande, com jogadores do nome de Alfredo, Max, Paulo Júnior, Buba,
Émerson e Alekito, além do amigo Gláucio, na disputa pela vaga de
titular. Para se ter uma ideia, em um dos treinamentos dessa semana,
Brendo foi improvisado pelo técnico Roberto Fernandes, como lateral
esquerdo em uma das movimentações. Mesmo sendo filho de quem é,
sendo seu pai ídolo, não só no América, como também no ABC, ele poderia
ter um tratamento diferente dentro do clube, com algumas regalias. Mas,
não só a comissão técnica e a direção do clube deixam o parentesco de
lado, como ele próprio, faz questão de dizer que pretende seguir no
futebol por meios próprios, sem precisar ser ajudado por Cascata. E
isso é visto nos próprios treinamentos. Quando a bola rola, “termina” o
fator pai e filho e tudo se torna profissional. Poucas vezes eles
trabalham junto e dificilmente trocam palavras. “Não me meto na vida
dele dentro de campo não. Ele tem que aprender as fazer suas próprias
escolhas, decidir o que quer no futebol. Por isso, deixo ele bem a
vontade para seguir seu caminho”, afirma Cascata. O próprio
Brendo afirma que procura trilhar seu caminho só, mas, que, às vezes,
quando chega em casa, escuta os conselhos do pai. “Quando eu era das
bases, às vezes ele acompanhava algumas partidas e quando chegava em
casa, conversávamos, e ele me passava algumas dicas, de como me
posicionar, do que eu tinha feito de errado e no que podia melhorar. E
isso me ajudava”, revela Brendo. O quem também vem ajudando o
jogo atleta a se tornar um jogador profissional reconhecido, é a vontade
de alcançar o mesmo sucesso que o pai e, porque não, seus ídolos no
futebol. E, não é apenas Cascata que se encaixa no padrão de ídolo do
filho. Dois jogadores que fazem sucesso na Europa, também estão entre os
preferidos de Brendo. “Tenho meu pai como ídolo, mas não é só ele.
Gosto muito do Cristiano Ronaldo e do Neymar também. Me inspiro muito
neles”, adianta o jovem. A admiração pelos três deve influenciar
também dentro de campo, já que ele joga na mesma posição que seus
ídolos, na ponta esquerda, já que, segundo ele “como sou destro, fica
mais fácil cortar para dentro e chutar no gol”. E, em relação a
gol, Brendo já sonhou com o seu primeiro, como profissional, vestindo a
camisa do América. E, não precisa nem dizer quem foi o autor do passe
para ele balançar as redes. “Logo quando eu me profissionalizei, fico
imaginando quando vou fazer meu primeiro gol pelo América. Aí, veio a
contratação do meu pai e acabei sonhando que ele me dava o passe para o
gol. Então, quem sabe isso não pode acontecer?”, prevê.
Felipe Gurgel/Repórter de Esportes/Tribuna do Norte