O veto da presidente Dilma Rousseff ao artigo 141 da Medida Provisória 656/14, que definia regras para a renegociação das dívidas dos clubes brasileiros, não terá maiores efeitos sobre os dois maiores clubes do Rio Grande do Norte, segundo os dirigente de ABC e América. O projeto, que trata de outros temas relacionados a tributação, recebeu o artigo sobre o refinanciamento no Congresso Nacional no fim de 2014, através de emenda apresentada pelo deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO), ligado ao Atlético-GO. Da forma como foi apresentado, o artigo não exigia qualquer tipo de contrapartida aos clubes beneficiados, contrariando a intenção do governo. Com a emenda, os clubes passariam a ter a possibilidade de refinanciamento com descontos dos débitos com a União. A decisão presidencial significa uma vitória do Bom Senso FC, que também havia se mostrado contrário a renegociação das dívidas dos clubes sem previsão de contrapartidas. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) trabalharam pela sanção da Medida Provisória e foram as grandes derrotadas.
Adriano Abreu
José Rocha, do América, é a favor da exigência da contrapartida
No
América, o presidente do Conselho Deliberativo, José Rocha, ressaltou
que o veto não prejudicou em nada o alvirrubro, cujas dívidas se
encontram completamente administradas e sendo pagas de forma religiosa
mensalmente. “Nós não temos dívidas pendentes com a União. O clube
aderiu ao Refis para quitar os débitos que existam e poder ser
beneficiado com o patrocínio da Caixa Econômica Federal (CEF). Chego até
a arriscar dizer que esse novo refinanciamento não irá ajudar muito os
clubes médios do Nordeste, que vivem mais atormentados com as dívidas
trabalhistas”, ressalta José Rocha. Pelo
lado do ABC, o vice-presidente de relações institucionais, Rogério
Marinho, afirmou o mesmo. “Todas as dívidas do clube com a União estão
parceladas e sendo pagas. Nós possuímos todas as certidões negativas dos
órgãos de fiscalização. Exigência número um para qualquer clube que
venha se colocar como postulante a receber um patrocínio da Caixa”,
afirmou Marinho. O projeto que mais parece uma tábua de salvação
para os grandes clubes brasileiros, deve mesmo exigir contrapartidas dos
beneficiários, de acordo com José Rocha. “Não podemos mais ver atletas
com salários astronômicos no futebol nacional. Não existe dinheiro para
tanto e estão cometendo uma loucura. Não se tem como pagar R$ 900 mil
por mês a um jogador”, salienta e dirigente americano. José Rocha
acredita que arranjando uma forma de limitar um teto para os vencimentos
dos atletas, o governo federal estaria ajudando bem mais aos clubes.
“Altos salários impedem a conta dos clubes de fechar. Tem de se limitar
isso, se algum dirigente quiser suplantar a barreira imposta, ele que se
responsabilize pela loucura que está fazendo, sem deixar o ônus para o
clube. Sei que a tarefa é complicada, mas devemos pensar nisso”,
destaca.
Emanuel Amaral
Rogério Marinho, do ABC, disse que as dívidas estão sendo pagas
Rogério
Marinho concorda que os dirigentes andam fazendo loucuras. “Atrás de se
livrar da pressão da torcida, que sempre cobra grandes contratações,
alguns dirigentes andam cometendo verdadeiras loucuras. Isso andou
causando a hipertrofia dos nossos clubes. Acredito que ninguém deve
contratar fora da capacidade de pagamento de um clube”, disse. Marinho
alerta que num futuro próximo, o novo Refiz, que está sendo visto como a
tábua de salvação da maioria dos nossos clubes, pode vir a se
transformar em prejuízo. “Aqueles que não conseguirem controlar suas
contas vão enfrentar problemas no futuro, uma vez que a nova legislação
veta a possibilidade de antecipação de receitas. Ou se tem um controle
muito grande sobre os gastos, ou o problema num futuro bem próximo
poderá ser ainda pior”, acredita Rogério Marinho.Fonte: Tribuna do Norte
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