O
que era pra ser um jogo festivo entre Brasil e Argentina, acabou se
tornando uma grande dor de cabeça para os dois jogadores que lideraram
as duas seleções. Athirson e Mancuso foram apontados como culpados,
em nota oficial divulgada pela empresa organizadora, pela ausência de Claudio Caniggia, que acabou sendo
substituído pelo ex-atacante Daniel Cordone, chamado de "sósia" do carrasco do Brasil na Copa do Mundo de 90.
Sem o pagamento integral dos jogadores da seleção brasileira, além da
metade dos atletas argentinos, Athirson precisou remarcar sua passagem
para quarta-feira (pagando do próprio bolso), ficando na cidade para
tentar resolver a situação junto à agência. Sem sucesso, o ex-jogador
acabou descobrindo que a história vai além do acerto de contas com os
boleiros. Com passagem marcada para a madrugada desta terça-feira, os
hermanos viveram horas de aflição ao descobrir que podiam ficar retidos
no hotel cinco estrelas da capital potiguar onde estão hospedados pela
falta de pagamento das diárias - responsabilidade da Agência Fênix
Sports, dirigida por André Luiz de Paula Moreira da Silva. Além disso, o
serviço de traslado até o aeroporto foi suspenso também pelo mesmo
motivo.
Mancuso e Athirson garantem que organização sabia
da ausência de Caniggia (Foto: Klênyo Galvão/GloboEsporte.com)
Eu estou de mãos atadas. Todos os jogadores do Brasil viajaram nesta
madrugada e eu fiquei aqui porque o André falou que remarcaria minha
passagem para a gente resolver a questão do pagamento hoje
(segunda-feira). Ele marcou um encontro às 14h e não apareceu aqui no
hotel, não ligou e parou de atender as ligações, assim como a assessora
da empresa dele (Dalila). Hoje (segunda-feira) ficamos a mercê de uma
situação. Não só eu, como o hotel, como a
seleção da Argentina, o pessoal que fez o transporte aéreo. Todo mundo é
vítima desta situação. Pelo menos fui muito homem com os jogadores que
eu chamei. E uma coisa eu quero deixar clara: Nós só jogamos em respeito
ao povo de Natal, que comprou ingresso e queria ver um belo jogo.
Porque o normal seria não jogarmos, já que não recebemos o combinado -
disse Athirson ao
GloboEsporte.com. Sobre a
ausência de Claudio Caniggia, Athirson disse que Mancuso
ainda não conseguiu falar com o hermano, mas confirmou que a passagem
aérea foi emitida. De qualquer forma, eles garantem que a confirmação
definitiva de que Caniggia não viria aconteceu no sábado, véspera da
partida, quando a delegação argentina chegou a Natal. Liguei para o Mancuso, que
organizou com o Caniggia. Ele viria, passou os dados, mas teve algum
problema. Mancuso vai chegar na Argentina para saber qual foi o
problema. Ele não conseguiu embarcar, mas não posso dizer o que
aconteceu. Mas ele tinha bilhete, assim como tem bilhete do Sheik, do
Viola. Só que estes não receberam o cachê, e eu falei a verdade para
eles: 'não estou com o dinheiro na mão'. A minha responsabilidade é
receber o cachê e repassar aos demais. Os que vieram já sabiam de tudo
isso. Até mesmo o Mancuso na Argentina sabia - falou Athirson, após mostrar as
mensagens que recebeu dos outros jogadores.
Ex-jogadores de Brasil e Argentina fizeram amistoso
em Natal (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
Responsável
por montar o time argentino, Mancuso destaca que Cordone jogaria de
qualquer forma, com ou sem a presença de Caniggia. Ele admite a
semelhança física entre os dois, mas garante que a organização sabia,
sim, da ausência do carrasco de 90. Nós deixamos tudo
claro: 'Caniggia não vem, porque não tem condições de chegar'. Na hora
que chegamos ao Brasil, eles queriam continuar com essa história de
Caniggia. Eu falei: 'Caniggia não vem. Quer jogo ou não?' Eles estavam
sabendo de tudo e agora têm que assumir a responsabilidade. O jogo foi
lindo, a torcida foi espetacular. Agora, se ficou alguma dúvida, alguma
coisa pendente, quem tem que responder é o André, não somos nós -
afirmou Mancuso. Athirson lembra que alguns jogadores brasileiros abriram mão do convite por não
receberem o cachê antecipado, como os pentacampeões Edmilson e Edilson
Capetinha. Ele lamentou o fato de ter passado de anfitrião à vítima da situação, que acabou fugindo do seu controle. Fiz a organização apenas do time e
da seleção argentina. Mancuso é meu amigo e sempre fazemos jogos na
Argentina. Esta foi a primeira vez que eu tive a oportunidade de fazer
este convite. Ele veio com muito carinho. Mesmo nos deparando com esse
problema financeiro de cachê, que não foi cumprido, não foi pago, ele
veio da mesma forma e falou 'sou teu amigo, estou contigo'. Não só ele,
mas alguns jogadores brasileiros também. Eu expliquei a situação a todos
jogadores brasileiros, só que uns com nomes mais famosos, mais
reconhecidos, não jogam sem receber cachê antes. É normal. Os jogadores
que ficaram não ganharam o cachê todo. Não recebemos o valor combinado.
Só recebemos 25% do total. Não dava para fazer nada. Mas eu tenho que
ser honesto com os jogadores que eu fiz o convite. Vieram porque
acreditam em mim, gostam de mim, sabem do meu caráter. Eles vieram para
fazer o evento e fizeram, com respeito ao povo nordestino, ao torcedor
que comprou ingresso. Eles não têm nada a ver com isso. Se não tem o
jogo, o problema seria todo de quem organizou o evento - declarou. Athirson lembra que não formalizou contrato com a Fênix Sports, e, após a decepção sofrida, garante que aprendeu a lição. Sem contrato não faço mais nada. Tem uma confissão de dívida. Pedi para o meu advogado elaborar porque
vejo que as pessoas têm que ter caráter, têm que cumprir com suas
obrigações. No estádio, pedimos para ele (André de Paula) assinar e ele
assinou para ver que não pode passar em branco este tipo de situação.
Tive que remarcar minha passagem duas vezes, e paguei do meu próprio
bolso. Tenho família, tenho filhos e tenho trabalho, e não posso ficar
muito tempo longe. Então, dei mais um dia, dois dias, para tentar
resolver essa situação, e que, até o momento, não está perto de ser
resolvida - finalizou.
Por Klênyo Galvão e Augusto GomesNatal