Natural de Barretos-PE, Pintado adotou Natal para morar, casar, ter filhos e trabalhar. Foto: Carlos Santos/DN/D.A Press |
Marcos
Pintado, ou apenas Pintadinho, começou a jogar futebol aos oito anos,
numa época em que ele diz que nem havia chuteira para criança com essa
idade. "Se jogava de calção sem camisa e descalço. Acho que por isso, os
jogadores de antigamente eram mais inteligentes", diz. Pintado fez
história em vários times do nordeste e já surpreendia quando jogava
apenas como amador. Sua primeira grande partida aconteceu em um time
amador da cidade onde nasceu, o Usina Central Barreiros. Era uma
campeonato local e a equipe do ex-atacante ganhou de 11 x 0. Dificil de
acreditar? Pois oito desses gols foram marcados por ele.
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Foi
aí que o menino que jogava descalço despertou a atenção dos curiosos, e
um primo o levou para fazer o teste do Náutico. Ficou 45 minutos em
campo, em 1967, e de cara foi aprovado pelo clube alvirrubro. Nessa
época, o time pernambucano era considerado o melhor do Nordeste e um dos
melhores do país, não era fácil integrar a equipe, mas Pintado estava
lá, vestindo a camisa 9. Ele ficou no Náutico por três anos e passou a
ser emprestado para outros times da região. Jogou e acumulou títulos no
Rio Negro, no Alecrim, passou pelo Ceará, pelo Bahia, pelo Galícia. No
Maranhão foi campeão estadual e ajudou a equipe que integrava a ganhar a
seletiva para o nacional. "Era difícil naquela época disputar com o
Corinthians, que tinha Rivelino; com o Internacional e Carpegiani; com o
Botafogo, que tinha Marinho Chagas daqui, mas eu cumpria meu contrato
bem e depois ia embora", lembra. Em 1974 Pintado veio para Natal.
Foi pouco depois de disputar o nacional pelo Moto Clube-MA. Chegou,
montou residência no RN, casou e teve filhos. "Não quis ir embora mais.
Ia jogar na Bahia e voltava, ia jogar no Ceará e voltava, mas fixei
residência em Natal", lembra. Jogou durante 15 anos e encerrou a
carreira aos 34 anos em Maceió pelo CSE. Mas fez belas partidas na
capital potiguar. A mais bonita que lembra da sua carreira foi no
Machadão, com um gol que fez de bicicleta. "Era ABC x Alecrim, Tiquinho,
que era ponta-direita do Alecrim cruzou a bola e o goleiro do ABC era
Renato 74 (74 porque ele queria jogar na seleção) a bola veio de lado
foi uma bicicleta de costas, foi mais uma virada, mas um lance bonito,
clássico, porque foi de fora da área, entrou no lado esquerdo, Renato
foi na bola, mas não conseguiu alcançar, e ele era um grande goleiro",
lembra com orgulho. O lance foi repetido por mais de seis meses na
abertura de um programa de rádio da época. Oficialmente, Pintado
jogou 14 anos e 8 meses. "Não tenho frustração nenhuma, não tenho inveja
de ninguém, porque quem joga futebol não quis ser outra coisa senão
jogador. Eu quis jogar futebol e consegui", disse. Mas a voz do
ex-atleta se une a de vários de sua época que dizem que o futebol de
hoje não é nem de longe como o de antigamente. "Não é saudosismo não.
Hoje é muita correria e pouca bola. A inteligência tão deixando pra
trás. Futebol é jogo de inteligência, não é jogo de força. O pessoal tá
trocando as bolas", afirma.
Revelador de talentos
Mesmo quando pendurou as chuteiras, Pintado não saiu do campo. Começou
logo a trabalhar como técnico e nessa função passou por quase todos os
times do Estado, só não comandou ABC nem América. Em 2002 resolveu dar
um novo passo e fundou seu próprio clube: o Natal Futebol Clube, que já
formou inúmeros garotos. "Daqui saiu João Paulo que foi pro ABC e hoje
tá na Coreia, Rodriguinho que foi pro América-MG, Vasconcelos, que foi
do Alecrim e hoje tá no Rio Grande do Sul. Teve ainda Ramom que tá no
juvenil do América; Rodrigo que tá no Baraúnas; Fábio que agora tem
contrato no Bahia, Guilherme, que tá no Santa Cruz; tem João Paulo no
Náutico; Eduardo no Sport; Rodrigo que foi pra Europa e voltou agora de
férias. Tem muita gente boa que saiu daqui", diz o orgulhoso revelador
de talentos.
Ex-atleta treina garotos no próprio time: o Natal Futebol Clube.
Fonte: Diário de Natal/O Poti
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