Frente à posição dos trabalhadores da construção da Arena das Dunas de
não voltarem ao trabalho, mesmo com a liminar do Tribunal Regional do
Trabalho da 21ª Região (TRT-RN) determinando o fim da greve, iniciada
na terça-feira passada, o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da
Construção Civil e do Mobiliário do Estado do Rio Grande do Norte
(Sintracomp) resolveu afastar-se do caso. Segundo o diretor financeiro
do Sintracomp, Luciano "Xuxa" Ribeiro, o que a justiça determinou foi
cumprido e o sindicato espera não ter que responder por eventuais
punições geradas pelos trabalhadores da Arena, sob responsabilidade do
Consórcio Arena Natal - Construtora OAS e Coesa Engenharia. Os
trabalhadores da obra, que iniciaram a greve após a demissão de 15
operários, ainda resistem em cumprir a decisão do Tribunal Regional do
Trabalho. As informações repassadas pelo diretor são de que no fim da
última manifestação, os trabalhadores entraram no canteiro. "Se eles não
produziram, não bateram o ponto, já não é nossa responsabilidade",
disse ele.
Os
trabalhadores da Arena das Dunas continuam em greve, desrespeitando
decisão do Tribunal Regional do Trabalho. Foto: Fábio Cortez/DN/D.A
Press |
A preocupação
do sindicato é relacionada à decisão do desembargador do TRT-RN, Carlos
Newton Pinto, que concedeu liminar determinando a volta dos operários ao
trabalho desde a última segunda-feira após o Consórcio Arena Natal ter
entrado com um dissídio coletivo no tribunal, pedindo a ilegalidade do
movimento grevista, o que terminou sendo atendido. O magistrado também
fixou uma multa diária de R$ 50 mil para o caso de descumprimento da
ordem. Carlos Newton ainda autorizou que os dias não trabalhados no
canteiro de obras sejam descontados dos operários, até que o trabalho
retorne ao normal. O sindicato também foi proibido de promover ou
incentivar novas paralisações que não tenham fundamento. Para o
descumprimento da decisão a multa diária estipulada é de R$ 100 mil.
"Espero que não tenha problemas para o sindicato, como acho que não vai
ter. Até porque nós cumprimos tudo que a justiça mandou, só não temos
como obrigar ninguém a trabalhar", explicou Luciano Xuxa. Na tentativa
de dar fim à querela entre consórcio e trabalhadores está marcada uma
reunião de conciliação para a próxima segunda-feira, a pedido do
Sintracomp. "Não queremos prejuízo para ninguém e a tentativa de
conciliar é boa para todos. A situação saiu do controle, infelizmente",
comentou o diretor do sindicato. A reunião ocorrerá entre as partes do
processo - consórcio e trabalhadores, representados pelo Sintracomp -,
com a mediação do Ministério Público do Trabalho. O TRT-RN
afirmou que, por enquanto, a decisão do desembargador Carlos Newton
permanece a mesma. Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a situação
só deverá alterar-se quando a OAS informar oficialmente o tribunal da
posição dos trabalhadores, seja notificando a respeito da volta ou do
descumprimento da liminar judicial. Até ontem a notificação ainda não
havia chegado ao Tribunal Regional do Trabalho. A reportagem tentou
contato com representantes do Consórcio Arena Natal através da sua
assessoria de imprensa, mas os responsáveis pela obra não se
pronunciaram, pois ainda não havia tomado uma posição. Os operários em
greve exigem do consórcio aumento de salários, a readmissão dos
trabalhadores demitidos recentemente e alojamento para quem vem do
interior para trabalhar na Arena. O abono do mês de março deu um aumento
de aproximadamente 20%, com o salário saindo de R$ 827 para 1.002,00,
enquanto que o ajudante teve a remuneração passada de R$ 675 para R$
830. Responsável pela Secretaria Extraordinária Para Assuntos
Relativos à Copa do Mundo de 2014 (Secopa), Demétrio Torres afirma estar
acompanhando de perto tanto o andamento da greve como suas implicações
junto à construção do estádio que irá receber as seleções que virão
jogar o torneio em Natal daqui a pouco mais de dois anos. "Esta
paralisação não vai atrapalhar em nada a construção da arena. Se não
tivéssemos uma folga de pelo menos uma semana no cronograma estaríamos
em um perigo grande, não acha?", ponderou o secretário. Segundo ele, o
acompanhamento do governo junto ao cronograma é diário. "Trabalhamos
juntos, para encontrar saídas para os problemas. Estamos sempre
antecipando as ações e no caso de ter que acelerar podemos aumentar os
turnos, por exemplo", explicou Demétrio. Tendo alcançado 22,1% no dia 30
de março, a construção da Arena das Dunas, de acordo com o secretário
extraordinário, está sob os cuidados de todo o país. "A construção do
estádio é um programa de governo, acompanhado por todos no Brasil. Por
isso espero que a greve termine os mais rápido possível. Apesar de não
termos vinculação direta com os trabalhadores temos um contrato com o
consórcio, que precisa entregar o estádio", pontuou.
Fonte: Diário de Natal
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