Eduardo Bandeira de Mello, presidente do Flamengo, está em Brasília para acompanhar a votação (Foto: Fabrício Marques)
Entenda detalhes do projeto de renegociação das dívidas
A proposta de renegociação das dívidas dos clubes - que podem chegar a R$ 4 bilhões - começou a ser discutida no Congresso Nacional em 2013, com a apresentação do Proforte (Programa de Fortalecimento dos Esporte Olímpicos). A ideia inicial era de que os times pudessem quitar até 90% das dívidas por meio de investimentos em esportes olímpicos, com a concessão de bolsas a atletas e compra de equipamentos. Os 10% restantes seriam pagos em dinheiro. A proposta enfrentou rejeição na comissão especial formada para discutir o tema. O relator, Otávio Leite, apresentou então um projeto substitutivo, que ganhou o nome de Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte (LRFE). De acordo com o novo texto, será dado um prazo de 25 anos para que as instituições esportivas - o que não inclui apenas clubes de futebol - possam quitar suas dívidas com a União (débitos relacionados ao INSS, Imposto de Renda, FGTS, Timemania e Banco Central). Apesar de acabar com a possibilidade de troca de parte dos débitos por incentivos em esportes olímpicos, o substitutivo prevê algumas condições especiais. A taxa de juros aplicada ao parcelamento seria a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), que conta com índices bem menores do que a Selic, taxa normal. Há ainda a possibilidade de pagar apenas 50% das 36 primeiras parcelas, facilitando a adequação financeira dos clubes. Os outros 50% deste período seriam pagos apenas ao fim do parcelamento.
O deputado Otávio Leite é o relator do projeto da renegociação das dívidas (Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados)
O substitutivo mantém os conceitos do "fair play
financeiro", propostos no texto inicial. A ideia é que os clubes sejam
obrigados a apresentar as Certidões Negativas de Débitos (CNDs) para
poderem participar das competições. Os times que não cumprissem a regra,
correriam risco até de rebaixamento. Para entrarem no refinanciamento,
os clubes também ficariam proibidos de antecipar receitas que estejam
além do fim do mandato das diretorias. Os mandatos ficam restritos a um
período máximo de quatro anos, com a possibilidade de apenas uma
reeleição. Para compensar o fim da possibilidade de troca de
dívidas por investimentos em esportes olímpicos, o novo texto também
propõe a criação de um Fundo de Iniciação Esportiva (IniciE), destinado a
apoiar projetos para crianças e jovens matriculados em escolas da rede
pública ou em instituições especializadas reconhecidas pelo Ministério
da Educação. A distribuição do fundo seria descentralizada - cada estado
seria responsável por gerir seus próprios recursos. O dinheiro seria
arrecadado por meio da loteria e da Lei de Incentivo ao Esporte. Entre as novas formas de loteria que seriam
autorizadas pelo projeto, está a criação de uma raspadinha ligada aos
clubes. O texto prevê também a possibilidade de criação de um sistema de
apostas online, que seria executado, direta ou indiretamente, pela
Caixa Econômica Federal ou por algum novo órgão que poderia ser criado
pelo Poder Executivo.A proposta ainda autoriza a Caixa a promover mudanças na Timemania, de forma a tornar o sorteio mais atraente, e isenta os prêmios da Loteca, da Lotogol e da própria Timemania do desconto do Imposto de Renda, aumentando o benefício pago aos apostadores.
Por Fabrício MarquesBrasília
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