Um celeiro de craques no coração do Bairro das Rocas. Oficialmente, são
38 anos de fundação, mas a história do Estádio João Câmara já tem mais
de 70. Grandes atletas que do futebol passaram por lá. Saquinho, Tião,
Sérgio Poti, Pancinha, Piaba, Zé Gobá, Cocó, Sílvio Madona, Zé Ireno,
Edmilson (Piromba)... são tantos e com tantas histórias que as lágrimas
tentam correr dos olhos de cada pessoa a quem se pergunta: será o fim do
Estádio? Essa é a questão que há tempos amedronta os moradores do
bairro das Rocas e os amantes do futebol amador.

De
acordo com o presidente do Centro Desportivo, Sérgio Henrique Cabral,
estádio está sob ameaça de demolição para a construção de moradias que
abrigarão a comunidade de Maruim. Fotos: Carlos Santos/DN/D.A Press |
"Acabaram
com a história do Machadão, do Juvenal (Lamartine) e agora querem
acabar com a da gente aqui nas Rocas. O governo fala muito em lazer,
esporte, juventude e quer tirar a área de lazer do bairro", desabafa o
presidente do Centro Desportivo das Rocas, Sérgio Henrique Cabral. O
espaço é cedido pela prefeitura à comunidade, que se responsabiliza pela
manutenção. Mas a relação amistosa entre o bairro e o poder exe cutivo
municipal pode não durar mais. Segundo o dirigente, o estádio está sob
ameaça de demolição para a contrução de moradias para a comunidade do
Maruim."Não recebemos nenhum comunicado oficial, mas todo mundo já sabe
disso e quando chega a decisão já é com juiz, já vem pra tirar de uma
vez", afirmou. No Centro Desportivo funciona uma escolinha de
futebol. É o projeto "Bom na bola, bom na escola", que tem atividades
nas terças e quintas-feiras e atende a 60 meninos, das categorias
sub-13, sub-18 e sub-20. Nos sábados e domingos acontece o campeonato
das equipes veteranas. Atualmente, nove times participam da competição
e, como afirmou o presidente do ABC Rocas, Derilson Albano, os jogos
movimentam todo o bairro. "Eu nunca vi em outros bairros a quantidade de
gente que dá nos jogos daqui no final de semana", disse. Sílvio
Madona, que começou nas Rocas, jogou no ABC e chegou ao Botafogo,
também vê com tristeza a possibilidade do estádio chegar ao fim. "O
campo do Senador João Câmara não pode se acabar até porque saíram de lá
muitos jogadores bons, e há muito tempo vem tentando revelar novos",
disse. E ele não é o único a dizer isso, o desportista e ex-atleta,
Ribamar Cavalcante, critica a possibilidade de destruição do espaço.
"Sou totalmente contra a demolição de qualquer estádio. Essa foi uma
notícia que me trouxe muita tristeza, quando eu soube. Para mim, a falta
de talento que vive o futebol potiguar se dá exatamente porque não há
espaço para o desenvolvimento dos nossos atletas", afirmou. Na
história do João Câmara, há ainda nomes como o de Sérgio Poti, que
chegou à seleção brasileira. Ele não esconde a revolta diante da
possibilidade de ver o estádio chegar ao fim. "Um lugar como esse aqui,
de onde saiu craque que foi até jogador de selação brasileira não pode
acabar. Aqui foi um celeiro de craques! A prefeitura não pode fazer isso
com as Rocas não", afirmou.
Prefeitura explica
O
secretário de habitação de Natal, Paulo Roberto, informou que o projeto
para realocação de 176 famílias da comunidade do Maruim para as Rocas
será feita para uma região vizinha ao Estádio, mas que o João Câmara
será mantido. "O local para onde as famílias irão tem o estádio apenas
como referência, o projeto não tem nada a ver com o estádio", disse. O
secretário também informou que para se concretizar, o projeto depende
apenas da liberação da verba pela Caixa Econômica Fe deral, em reunião
no dia 24.
Rosana Pimentel para o Diário de Natal
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