Terminou o calvário do goleiro
Barbosa, dos seus companheiros e a sensação é de lavar a alma. Vergonha pode
ter quem acreditava no timeco de Felipão, nos seus mercenários, na retranca
padronizada, no futebol estabelecido como negócio no seu pior requinte mafioso
e cínico. O que importa para mim é o resgate de
Moacir Barbosa, um dos melhores do Brasil em todos os tempos e um dos
recorrentes humilhados pelos pulhas insanos por causa da derrota de 1950, para
o Uruguai. E do time de moral destroçada em que ele brilhou e ruiu sem sequer
haver falhado. Fechado o ciclo cabalístico e bem
brasileiro, Moacir Barbosa morreu 50 anos depois de ter levado o gol de
Ghiggia, chute cruzado, despretensioso aparente, que tocou as redes no 2x1 de
16 de julho perante 200 mil incrédulos em pranto justificado. O Brasil jogava
pelo empate, fez 1x0 no segundo tempo, cedeu o 1x1 e tomou o segundo gol quando
restavam 10 minutos para terminar a partida. A pena judicial máxima de 30 anos,
Barbosa cumpriu com duas décadas de acréscimo. Vivo, pagou todos os dias,
ironizado, chacoteado, abordado com grosseria, chamado de frangueiro,
"presenteado" com as traves do gol de Ghiggia, barrado em 1993, por
Parreira e Zagallo para não "dar azar" ao brilhante Taffarel antes de
uma decisão contra o Uruguai pelas Eliminatórias, ganha por Romário:2x0.
Graças aos canalhas que viram Barbosa
morrer morando de favor numa casa em Santos, uma geração sensacional foi banida
da história. O time de Barbosa, Bauer, Danilo Alvim, Jair Rosa Pinto, Zizinho,
Maneca, Friaça e Ademir Menezes foi execrado. E eles - próximos ao nível dos de
1958 e 1970 -passaram a velhice se explicando. Os próprios vencedores reconheciam
seus méritos. Brasileiros nunca os deixaram em paz. Todos em fim pacato. Danilo
Alvim, tão bom quanto um Zito, um Clodoaldo ou um Falcão, morreu num asilo,
pago pelo cartola Giulite Coutinho, ex-presidente do América(RJ). Pós-7x1, não
serão o pôster da vergonha que não fizeram. Fracasso multiplicado por 11 mais um
técnico decadente a Alemanha desnudou no Mineirão lotado de incrédulos bem
comportados. A Alemanha, como gosta de dizer o chato e novo amigo de Felipão, o
estatístico de jornalismo, PVC, fez quatro gols em seis minutos. Trocando
passe, driblando, desfilando, em cintura dura, o jogo nosso estuprado pelo
primeiro retranqueiro a copiar o feio. O primeiro prancheteiro nocivo a cuspir
o drible.
Alemanha 7x1 Brasil foi Alemanha 7x1
Brasil porque a Alemanha não desejou que fosse Alemanha 14x0. A Alemanha puxou
o freio de mão nos quatro a zero e fez outros três quando o Brasil não
percebeu. Felipão, na coletiva, fez um presságio assombroso: de 13 a 14
jogadores estarão em 2018. Não, não estarão. Eles jamais se classificariam numa
Eliminatória. O certo é que Barbosa e seus
companheiros estão absolvidos. Por 7x0, placar de julgamento, depois,
Oscarzinho fez o gol de gentileza germânica. Ricos, milionários, pedantes,
esses caras foram endeusados sem motivo. Poderiam aproveitar seus euros e nunca
mais pisar num gramado brasileiro.
Eles, Felipão, empresários e, ah! A
mídia. A mídia que mente e consegue fazer você acreditar que havia seleção e
craques de canelada e peruca natural. Até os 7x1. Em 1950, cantaram Touradas em
Madrid no olé dos brasileiros na Espanha. Faltou Chicotadas em Belô, melodia de
uma revolução que não pode esperar. Barbosa esperou demais. Morto, está livre.
Sem direito(os vexatórios), ao Maracanã postiço sem cheiro, suor e alma de
povo. Foi 1x7 Brasil. Um time 171.
Ps. Esqueçam Neymar. Ele não fez
falta. Ele escapou.
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