O
ministro do Esporte, Aldo Rebelo, classificou nesta quinta-feira (10) a
derrota por 7 a 1 sofrida contra a Alemanha, na semifinal da Copa, como
uma "marca profunda", cobrou mudanças na estrutura do futebol
brasileiro e defendeu uma intervenção estatal para que essa revolução
aconteça. "O futebol brasileiro precisa de mudanças. A derrota
para a Alemanha expõe, evidencia mais essa necessidade", afirmou o
ministro, durante entrevista coletiva organizada pela Fifa e o COL
(Comitê Organizador Local) do Mundial no Maracanã. Segundo o
ministro, o tamanho da goleada que tirou da seleção a possibilidade de
ser hexa em casa foi um acidente, que não aconteceria novamente se as
duas equipes se encontrassem mais uma vez, mas que merece ser analisado
para o bem do futuro do futebol brasileiro. "Precisamos examinar
o motivo e a causa do acidente. É uma marca profunda. A melhor reação é
ver as causas mais duradouras daquele desastre. Precisamos extrair
lições para que o Brasil reponha a seleção no status que ela deve ter.
As mudanças são necessárias". Rebelo defendeu ainda que essa
revolução pela qual o esporte precisa passar deve ter o governo como
protagonista, com a confecção de leis e pressão sobre dirigentes
esportivos. O presidente da CBF, José Maria Marin, e o
presidente eleito da federação, Marco Polo del Nero, ainda não foram a
público falar sobre a eliminação brasileira. Já o técnico da seleção,
Luiz Felipe Scolari, disse que "o trabalho não foi de todo ruim". Segundo
Rebelo, o governo não pretende nomear cartolas, mas quer ter um papel
mais ativo na CBF e em outras federações esportivas. "O Estado não pode
ser excluído da competência de zelar pelo interesse público dentro do
esporte". "A Lei Pelé tirou do Estado qualquer tipo de poder de
atribuição e poder de intervenção. Se depender de mim, não teríamos
tirado o Estado completamente dessa atribuição. Se depender de mim,
parte dessa atribuição deve voltar". O regulamento da Fifa
proíbe a ingerência dos governos nos rumos das federações nacionais
filiadas à entidade. A federação nigeriana, por exemplo, foi suspensa na
quarta-feira (9) porque o Estado decretou o afastamento de toda a
cúpula da entidade depois da queda nas oitavas de final da Copa do
Mundo.
Proposta
Entre as possibilidades de
intervenção estatal nos rumos do futebol brasileiro, o ministro citou a
Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte. O projeto do deputado
Otávio Leite (PSDB-RJ) propõe um refinanciamento das dívidas dos clubes
em troca do que Rebelo chamou de ações de "modernização dos clubes",
como o rebaixamento para quem não prestar contas das dívidas e punições
para quem não manter salários dos atletas e funcionários em dia. Rebelo
também pediu por uma legislação que permita que jovens menores de 14
anos possam morar em centros de treinamento dos clubes (o que é proibido
hoje) e adoção de medidas que diminuam o fluxo de garotos brasileiros
indo jogar, ainda nas categorias de base, no exterior. "Nós
importamos mão de obra e exportamos da Europa serviços do futebol. Não
pode ser assim. Exportamos nossos craques, muitos ainda em formação.
Fiquei sabendo que parte importante da nossa geração sub-15 já está no
exterior. Nossa legislação facilita isso".
Folhapress
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