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(Foto: Hugo Monte/GloboEsporte.com) |
Seis anos após a demolição do estádio João Cláudio de Vasconcelos
Machado, ou simplesmente Machadão, o jornalista Rubens Lemos Filho
conta, ao longo das 472 páginas do livro "Memórias Póstumas do Estádio
Assassinado", a trajetória do palco de grandes momentos do futebol
potiguar durante os 39 anos de sua existência. A obra destaca times
inesquecíveis, fatos históricos, culturais, políticos da cidade e
retrata vários personagens da época de ouro do "grande palco que virou
saudade", como diz o próprio autor, fã declarado do estádio - em 2011, o
Machadão foi demolido para a construção da Arena das Dunas, que recebeu
quatro jogos da Copa do Mundo de 2014. - O Machadão foi um marco do Rio Grande do Norte. Foi o grande palco
por onde desfilaram os maiores jogadores daqui, os grandes ídolos e onde
as grandes multidões se encontravam sem violência e o torcedor de
qualquer classe social tinha espaço. Enfim, uma época de ouro, 39 anos
que, por conta de uma Copa do Mundo, foi colocado abaixo. Procuro
resgatar essas histórias para que as gerações futuras saibam o quanto é
complicado destruir um patrimônio da sociedade, público e esse
patrimônio mostra o futebol-arte que era jogado no Rio Grande do Norte e
que, quem sabe, um dia volte e não apenas se torne um negócio -
ressalta. Dois episódios marcantes são considerados especiais na memória do autor.
O primeiro é o gol mais bonito para o jornalista - em 2001, quando
Sérgio Alves, de bicicleta, marcou aos 45 minutos do segundo tempo e
empatava a partida para o ABC diante do América-RN, o maior rival. O
segundo episódio, voltando um pouco mais no tempo, em 1983, quando foi
"testemunha" de um dos maiores elencos da história do ABC - como ele
mesmo afirma. Naquele ano, o time alcançou a marca de impressionante
114 gols marcados e tinha o ataque formado por Silva, Dedé de Dora
(falecido recentemente e a quem o livro é dedicado) e Marinho Apolônio -
este último, autor de 31 gols e que tem um capítulo especial dedicado
por Rubens.
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(Foto: Hugo Monte/GloboEsporte.com) |
Eu considero Marinho Apolônio o maior jogador, tecnicamente, que eu vi
jogar na história do estádio no período que eu acompanhei. Porque
Alberi está acima de qualquer comparação e eu não o vi no auge. Mas Deus
me deu a alegria de ver Marinho jogar 'o fino da bola', um artilheiro
nato, matador. Sofri com ele, quando estava no América-RN e vibrei com
ele, quando veio para o ABC e formou o fenomenal ataque com Silva e Dedé
de Dora - relembra o autor. Vários outros fatos históricos são retratados no livro, como os jogos
do Rei Pelé que pararam Natal à época - quando enfrentou o ABC, em 1972,
e o América-RN, no ano seguinte. A passsagem da seleção brasileira,
comandada por Telê Santana, também tem destaque. O bicampeonato estadual
do Alecrim na década de 80, o acesso do Alvirrubro à Série A, além dos
inúmeros craques do estado, do Brasil e do mundo que desfilaram pelo
gramado antes do fim do "Poema de Concreto", como era carinhosamente
chamado o Machadão. - O livro é uma tentativa de deixar esse recado de que pode haver ainda
algo de bom no nosso esporte baseado na arte que está aqui mostrada,
retratada, na maravilha, no encantamento que a obra traz. Essa mágica
unificava toda a cidade, todo mundo parava para ir ao Machadão assistir
os jogos, os clássicos aos domingos entre ABC e América-RN -
complementa.
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