O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Da rebeldia ao UFC: Gadelha escreve a própria roteiro em busca do cinturão


Claudinha Gadelha (Foto: Arquivo Pessoal)Aqui com com as irmãs e os pais (Foto: Arquivo Pessoal)


Cláudia Gadelha UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)Peso-palha: brasileira pode ser a próxima campeã da categoria nesta sexta-feira (Foto: Evelyn Rodrigues)

Contra tudo e contra (quase) todos. Foi desta maneira que Claudinha Gadelha a caçula dos quatro filhos de Luis Carlos e Ivaneide, em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a 300km da capital, Natal, costurou boa parte de sua carreira. Contratada pelo UFC, reconhecida nas ruas após ser treinadora do TUF 23, estável financeiramente e, hoje em dia, incentivada pela família, ela atravessa a melhor fase da carreira - o ápice pode ser no UFC desta sexta-feira, quando ela disputa o cinturão peso-palha contra Joanna Jedrzejczyk. O título serviria para coroar quem abriu mão do conforto do lar para se arriscar em outras capitais, deixou para trás problemas com drogas e provou para os parentes que o MMA era uma profissão digna. A minha carreira foi bem difícil, é uma história de superação. Eu sempre soube o que queria da minha vida, sabia que chegaria até aqui. Não mudei em relação à minha personalidade, sou tranquila, focada no meu trabalho e na minha vida. A vida mudou bastante, tenho uma vida melhor, consigo ter o carro que eu quero, morar onde eu quero. É gratificante, consequência de um bom trabalho. Tive fases muito difíceis, mas sempre com a certeza que as coisas mudariam - declarou, em entrevista exclusiva ao Combate.com. Filha de um comerciante e de uma enfermeira, Gadelha, de 27 anos de idade, enfrentou os principais percalços da vida quando esteve sozinha em Natal e no Rio de Janeiro. Os pais a ajudavam financeiramente do jeito que conseguiam. A vontade de vencer através do esporte era grande, prova disso é que nem o envolvimento com drogas na adolescência freou a sua caminhada. Ana Clécia, uma das irmãs de Claudinha, conta que tomava as dores da mãe por se sentir responsável pela caçula quando ela "aprontava".  Minha mãe era rígida. Teve uma época que a Claudinha saiu do foco querendo sair tarde, beber e usou de drogas, isso a afastou. Nossa irmã mais velha (Ana Célia) morava em Natal, casou com 17 anos, e eu morava em casa. Tomava as dores pela minha mãe, porque eu era mais velha que a Claudinha. Na adolescência, Claudinha chegou naquela situação de acreditar que a família não é nada, que os amigos são tudo. Quando buscou a rua para dar apoio, não encontrou muita gente bacana, fez coisas erradas, eu e minha irmã temos uma postura séria em relação a bebida, drogas e cigarro. O choque de gerações entre Claudinha e Ivaneide colocavam frente a frente duas mentalidades diferentes em relação a um mesmo assunto: o MMA. A jovem vislumbrava um futuro como lutadora, enquanto a matriarca queria um rumo mais tradicional. Agora vemos esporte como uma coisa boa, mas antes ninguém aceitava um negócio desse, a mulher era discriminada, eu não aceitava de jeito nenhum. Uma amiga psicóloga me falou para não falar isso na frente da Claudinha. Teve uma vez que eu a acompanhei em um evento e, quando foram anunciar um lutador, falaram que não tinha ninguém para acompanhá-lo. Aquilo me marcou, porque a minha filha saiu dos meus braços, foi para tão longe, enfrentou sozinha vitórias, decepções, palavras agressivas. Hoje eu penso diferente, comecei a entender. Quando ela começou a ficar famosa, vi que o negócio era sério, não era brincadeira. Cheguei a agredi-la com palavras, porque eu não acreditava, achava que ela estava fazendo uma coisa ruim. A minha cabeça estava atrasada - diz, emocionada, dona Ivaneide. A desconfiança virou orgulho. Na realidade, Ivaneide explica que não era fácil entender que a filha levaria socos, chutes e ficaria machucada, com hematomas. Afinal, tratava-se da xodó da família, a pequena rebelde dos Gadelha. Eu sou apaixonada por todos os meus filhos, mas ela é especial, porque é caçula, me dói muito estar longe dela. Queria que ela ficasse aqui, a galinha quer sempre o pintinho debaixo da asa. Eu nunca assisti às lutas dela, dói como mãe. Se ela sofre um arranhão, leva um murro, não quer nem ver. Fico no quarto, de olhos fechados, rezando, só quero saber o resultado. Estou louca por essa próxima luta dela. Eu vejo ela e a outra (Joanna) se enfrentando nas redes sociais, estou com a cabeça na luta.Diante de tanta falta de informação a respeito do MMA, Claudinha Gadelha teve no pai o apoio necessário para nocautear os obstáculos. Ela entrou na universidade, como ele sempre quis, porém, a incentivou enquanto muitas vozes iam contra a opção de se tornar lutadora.
Por Direto de Las Vegas, EUA 

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