MMA não é brincadeira

Fotos: Ana Amaral/DN/D.A Press

Impacto de chutes, socos e joelhadas e imobilizações que podem torcer os membros ou mesmo deixar o lutador desacordado. Tudo isso faz parte do MMA (Mix Martial Arts - Artes Marciais Mistas), esporte de combate cada vez mais popular no país devido ao sucesso de lutadores brasileiros no torneio mundial de UFC (Ultimate Fight Championship), inclusive com um campeão mundial potiguar, o Renan Barão. Com todos esses riscos à saúde do atleta ou mesmo para o mero curioso, não dá para simplesmente "brincar" de treinar MMA. Por isso, treinadores e praticantes chamam a atenção para a importância do acompanhamento e orientação de um profissional especialista nesse tipo de esporte. O próprio lutador natalense Renan Barão, que atualmente é o campeão interino da categoria peso galo do UFC, ressalta que não basta o pretenso professor de MMA ser mestre em apenas uma arte marcial. "O professor que sabe apenas jiu-jitsu ou apenas boxe não tem condições de ensinar MMA. Esse é um estilocompleto e é preciso ter uma noção certa do que se está fazendo, tanto na luta de chão quanto em pé". Dinarte da Costa Lima Júnior é um desses profissionais especializados nesse estilo misto de luta e treina inclusive com o campeão mundial potiguar do UFC. Professor da modalidade há 10 anos, ele é faixa preta em jiu-jitsu e também em Muai Thay (boxe tailandês), além de estar cursando o nível superior em Educação Física. Ele ressalta que a importância de um treinador com real noção de MMA está na preservação da saúde dos praticantes.

Empresária Michele Bacie (acima) e o motorista Adimir Júnior (branco) recebem aulas do professor especializado em MMA, Dinarte Júnior

Jair Lourenço, mestre do lutador Renan Barão, também é professor especializado nessa modalidade de luta. Inicialmente faixa preta em jiu-jitsu, ele entrou para o MMA ainda no final da década de 1990, quando o esporte se chamava vale-tudo. Na opinião dele, a proliferação de academias que oferecem aulas desse estilo de combate em Natal se deve mesmo ao sucesso do UFC. "O nosso filho ficou bonito, agora". Segundo Dinarte Júnior, um professor que tem apenas conhecimento de jiu-jitsu não tem noções sobre postura correta de aplicar socos e chutes, por exemplo. "É preciso ter uma base da luta em pé. Saber como socar corretamente, com o equilíbrio correto e postura na hora de bater. Ter noção de espaço e tempo de aplicar o golpe". O lutador afirma que a falta desses conhecimentos pode provocar uma série de lesões na coluna, no punho, no braço, joelhos e até o surgimento de uma tendinite (inflamação nos tendões musculares). No caso de um professor apenas de boxe, sem noção de jiu-jitsu ou luta olímpica, ou seja, técnicas de luta no chão, pode também ser prejudicial ao praticante de MMA, conforme Dinarte. "É preciso saber derrubar e cair de maneira correta. Como posicionar o quadril, ou como apoiar o braço na hora de uma queda". As lesões podem ir de torções na coluna, membros e articulações, até mesmo desmaios durante o treino. Jair Lourenço também acredita que um treinador dessa modalidade tem de ter a noção certa para passar bem os ensinamentos das três bases da luta: técnicas de "trocação"(luta em pé), de luta no chão e quedas. "Tanto que na nossa academia (Kimura/Nova União) o treino de MMA é supervisionado por mim e outros dois professores, cada um na sua especialidade".
Fonte: Paulo de Sousa/Diário de Natal