Sem receber salários há três meses, os jogadores do ABC paralisaram as
atividades nesta segunda-feira. A decisão foi anunciada durante
entrevista coletiva do presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais
do Estado do Rio Grande do Norte, Felipe Augusto Leite. Ficou
estipulado um prazo de 48 horas para que a direção do clube quite a
dívida ou apresente, pelo menos, uma proposta para o pagamento, o que
será debatido em uma nova assembleia até quinta-feira. Se não houver uma
solução, o grupo de atletas não participará do jogo contra o Londrina,
sábado, no Frasqueirão - o que implicaria em uma derrota por W.O. - É uma decisão muito difícil, pela primeira vez tomada no Brasil, com
relação à entrada de uma categoria de jogadores em absoluto estado de
greve. A medida visa fazer, rigorosamente, que o clube resolva essa
questão financeira, que está insuportável - declarou Felipe Augusto, que
também é presidente da Federação Nacional dos Atletas Profissionais
(Fenapaf). A maioria dos jogadores não recebe salários desde julho - alguns desde
junho -, e o clube também deve auxílio-moradia, direito de imagem,
previdência social, além de premiações do Campeonato Potiguar e da Copa
do Brasil.
De acordo com o presidente do Safern, alguns atletas - não
identificados - foram ameaçados de despejo e também são cobrados por
dívidas em padarias e restaurantes onde realizam refeições. Os
funcionários de outros setores do clube também estão com salários
atrasados. Quanto ao atraso, os jogadores vêm dialogando há meses com a diretoria e
a resposta que obtiveram foi que o "dinheiro acabou", conforme falou o
presidente do Safern, que agora será o responsável pela negociação com o
clube. O Ministério Público do Trabalho também será oficiado para que
tome conhecimento do caso. - Esta paralisação já deveria ter ocorrido na última semana, mas eles
(jogadores), com muita dignidade, fizeram os jogos contra o Guarani e o
Náutico. O presidente (Judas Tadeu), lá em Caruaru, falou que não tinha
solução para o problema - comentou. Em último caso, se não houver uma resolução, os jogadores também
autorizaram o Safern a realizar uma ação civil pública para uma rescisão
coletiva e o recebimento de todas as verbas rescisórias. Felipe Augusto
lembra ainda que a Lei Pelé autoriza que o atleta deixe de jogar a
partir do segundo mês de salário atrasado. - A pretensão (dos jogadores) é voltar imediatamente às atividades.
Agora é a vez do clube tomar uma decisão de resolução desse problema. O
sindicato está à disposição do clube para encontrar uma solução,
amigável, se possível - disse Felipe Augusto. Após a vitória por 2 a 1 sobre o Náutico, na sexta-feira, a
reapresentação da equipe estava marcada para as 15h desta segunda-feira,
justamente o horário que foi iniciada a coletiva. Os jogadores não
quiseram falar com a imprensa com receio de retaliação. Com o rebaixamento iminente, o ABC é o lanterna da Série B, com 25
pontos. Nos últimos três jogos, o Alvinegro demonstrou uma pequena
reação, conquistando sete dos nove pontos disputados. Para escapar da
degola, a equipe precisa vencer as sete partidas restantes.
Por GloboEsporte.com, Natal
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