magnus nascimento
Ano
do centenário dos três principais clubes do Rio Grande do Norte,
ABC,
América e Alecrim tem pouco a ser festejado e muito
a ser repensado para
a temporada de 2016
A temporada ruim do futebol potiguar e de
seus três principais clubes não perdoou nem os jovens talentos. Os
alvinegros e alvirrubros perderam as vagas na principal competição das
categorias de base brasileira, a Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Palmeira de Goianinha e Santa Cruz serão nossos representantes. Se não bastasse o desempenho pífio dos três clubes centenários, a organização do futebol local mostrou fragilidade em 2015. O Campeonato Potiguar voltou a ter queda de público. A média histórica baixou de 1.503 em 2015 para 1.240 este ano. Na divisão que dá acesso à suposta "elite" do esporte norte-rio-grandense a partida entre Atlético Potengi e Santa Cruz de Natal teve a marca negativa de um pagante. O "herói" virou tema de matéria na mídia local.
A piora qualitativa do Estado é comprovadamente também por outros números. Segundo o site Futebol Melhor ABC e América perderam sócios-torcedores em relação ao ano passado. O Alvinegro teve menos 223 associados e o Alvirrubro uma retração de 1.074. A "sangria" se deve ao desempenho em campo e o desastre nos gramados resulta em perda entre associados, enfim um círculo vicioso que termina por liquidar a combalidos economia de clubes que precisam melhorar a gestão. A projeção indica que no fim do ano o América irá ocupar a 33ª colocação com 2.846 sócios e o ABC será o 37º com 2.159 sócios. Um exemplo clássico também demonstra o caos que tomou conta do futebol potiguar na atual temporada. É unânime, entre os especialistas, que para ter sucesso e garantir o futuro, os clubes precisam investir em categorias de base, enfim serem formadores de atleta. Nesta última semana, a Confederação Brasileira de Futebol divulgou a lista dos clubes formadores e nenhuma das associações locais faz parte da listagem. Na pratica, constar desse cadastro significa ter direito a reembolso financeiro no valor de 200 vezes o valor do custo de formação do atleta; O atleta fica impossibilitado de assinar o primeiro contrato de trabalho, sem a autorização do clube formador; O clube que detém este selo, pode buscar apoio e receita através de Leis de Incentivo ao Esporte, tanto nas esferas estaduais e federais, além de verbas exclusivas do Governo Federal e, por fim, os atletas poderão assinar contrato de formação a partir dos 14 anos de idade. Mas para possuir o certificado, os clubes precisam ter no mínimo as seguintes estruturas e serviços: Deve se modernizar e atender os requisitos da Lei Pelé, como por exemplo, o fornecimento de acompanhamento pedagógico e psicológico dos atletas, planos de saúde(médico e odontológico), seguro de vida e o registro no Conselho Municipal da Criança e Adolescente; Ter bons profissionais, bom alojamento e boa alimentação também são fundamentais. Sem o certificado, os clubes ficam ainda mais expostos a atuação de empresários inescrupulosos. Se não bastasse isso, enquanto os clubes potiguares "patinam na lama" , a Federação Norte-rio-grandense gasta suas energias em uma luta contra o Governo do Estado pela posse do estádio, ou o que sobrou dele, Juvenal Lamartine. Segundo a FNF, o objetivo do embate seria o de preservar o passado do futebol local, mas, caso uma mudança de rumo não seja tomada rapidamente o que entra em jogo, no momento, é o futuro é não o passado. A Federação também montou "cavalo de batalha" contra o poder público em outra área. Segundo a entidade, os clubes deveriam, e mereciam, por serem geradores de emprego, ter apoio financeiro das gestões municipais e estaduais. No entanto, apoiados pela gestão federal, através de um patrocínio milionário da Caixa Econômica Federal e da Lotomania, ABC e América não se mostraram eficientes para conseguir seus objetivos. O fato aponta para a realidade que o problema talvez não esteja na quantidade de recursos, mas sim na capacidade de geri-la. A própria FNF, que recebe aportes mensais consideráveis da CBF não conseguiu fazer a manutenção necessária no JL que está impossibilitado de receber pessoas. Se não bastasse tudo isso, com o País afundado na crise econômica, a Prefeitura do Natal anunciando cortes nos gastos e o Governo do Estado recorrendo ao fundo previdenciário para pagar a folha salarial e outras despesas, é muito pouco provável que para 2016 haja investimento público no futebol local. Para piorar, o ABC, caso seja rebaixado, provavelmente perderá o patrocínio da Caixa, como aconteceu com o América após a queda para Série C. O cenário ruim se complica com as perspectivas do próximo ano no que diz respeito à falta de atrações que possam movimentar financeiramente os clubes. Com exceção da Copa do Brasil, que pode trazer a Natal clubes de médio e grande porte do eixo Rio-São Paulo -Minas, os rivais de ABC, America e Alecrim, se limitam aos regionais. Para completar, Roberto Fernandes deixou o Alvirrubro e Hélio dos Anjos, o Alvinegro. É fato que, dependendo do desempenho dos clubes, por exemplo, na Copa do Nordeste, que é rentável, o público tense a crescer. No entanto é certo dizer que esse ganho não atinge a marca do patrocínio, nem tampouco dos valores repassados dos direitos de transmissão de TV. Estes, além de serem rendas garantidas, com as quais o clube pode realizar planejamento e inclusive antecipações, agregam valor à sua marca. Contar apenas com a renda que vem das bilheterias é conviver com incertezas, é aumentar a pressão sobre dirigentes que precisam equilibrar seu tempo entre seus próprios negócios e interesses empresariais ou políticos com clubes que, cada vez mais, precisam de atenção em tempo integral e de gestões profissionais.
Fonte: Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário