Óscar Tabárez confia no histórico pode de superação de seu grupo (Foto: Gettyimages)
Cesare Prandelli acredita muito na vaga (Foto: EFE)
Para eles, as coisas nunca são fáceis. Campeões mundiais desacreditados em boa parte de seus títulos e sempre tendo o drama e o sofrimento servindo como tinta para escrever suas histórias, Uruguai e Itália fazem nesta terça-feira, às 13h (de Brasília), o jogo mais esperado da última rodada da primeira fase da Copa do Mundo. Com a Costa Rica garantida como uma das classificadas do Grupo D, a dupla azul luta na Arena das Dunas por apenas uma vaga nas oitavas de final do Mundial. Para os tetracampeões, basta o empate. Aos uruguaios apenas a vitória garante o lugar na próxima fase. Os ingredientes de um jogo tenso para ambas as equipes incluem derrotas inesperadas para a Costa Rica, tida inicialmente como o "saco de pancadas" do Grupo da Morte, lesões de jogadores importantes - como Buffon, De Rossi e Lugano - e até sofrimento nas eliminatórias, quando a Celeste Olímpica precisava de cinco vitórias em seis jogos para garantir a vaga na Copa, o que uniu os jogadores em um pacto pela vaga. Os italianos tentam evitar a sétima eliminação em primeiras fases de Mundiais, mas enfrentam o aparente desinteresse do astro Balotelli, que vem tendo atuações apagadas e sendo criticado pela imprensa local.
Revolução no time italiano
A derrota para a Costa Rica fez o técnico Cesare Prandelli trocar quase tudo na Azurra. Abandonou o 4-1-4-1 e colocou em campo o 3-5-2, usado nos momentos de dificuldades desde que assumiu o comando da Nazionale em 2010. A base da formação é a defesa. Bonucci entra na vaga do brasileiro naturalizado Thiago Motta e forma o setor campeão nacional pelo Juventus ao lado de Barzagli e Chiellini. A estratégia já teve sucesso. Na Copa das Confederações de 2013, jogando assim a Itália segurou um empate contra a Espanha, mas acabou perdendo a vaga na final nos pênaltis. Ainda na defesa, o lateral-esquerdo De Sciglio está recuperado de uma lesão muscular na coxa esquerda e entra no lugar de Abate. Com isso, Darmian volta a atuar pela ala direita. O volante De Rossi, vetado em virtude de uma lesão na panturrilha direita, abre espaço para a entrada do garoto Verratti. O setor ofensivo também sofreu modificações. O meia Candreva deixa a equipe para a entrada do atacante Immobile. O jogador foi o artilheiro do último Campeonato Italiano, com 22 gols, e entra para auxiliar Balotelli, que teve atuação bastante apagada na rodada anterior. Apagado não se pode classificar o histórico da Itália em Mundiais. Mal ou bem, é sempre certeza de emoção. E sofrimento. Em 20 edições da Copa do Mundo, a Itália acumula alguns vexames que colaboraram e muito para a fama de sofredora. Bicampeã em 34 e 38, a Azzurra teve uma sequência difícil de decepções. Ela caiu ainda na primeira fase em 50, 54, 62, 66 e 74 - não disputou em 58. Um alento é que, às vezes, o sofrimento tem um final feliz. Em 82, ano do tri, a Azzurra começou o Mundial sem dar muita esperança para a torcida. A classificação veio com três empates, contra Polônia, Peru e Camarões. No entanto, embalou na fase seguinte, eliminando o favorito Brasil e conquistando o título diante da Alemanha. Em 94, quando ficou com o vice, o início também foi desanimador. Já em 2006, o caminho até o quarto título teve um momento de preocupação na fase inicial. Depois de uma vitória sobre Gana na primeira rodada, a Azzurra tropeçou nos Estados Unidos com um empate, mas se salvou batendo a República Tcheca. Nesse momento eu disse para os jogadores que eles têm de ser confiantes, acreditar até o fim. Não podemos pensar no pós-competição. Estamos determinados e confiantes na vitória - pediu o treinador Prandelli.
Uruguai e seu grupo calejado
O confronto desta terça está do jeito que o Uruguai gosta. Será diante de um rival teoricamente superior, com mais grife e títulos. O adversário ainda precisa só do empate. Cenário muito semelhante ao do Maracanazo de 1950, embora a vitória diante dos brasileiros há 64 anos seja pouco citada. A Celeste fala, sim, do passado, mas do que esse mesmo grupo já mostrou ser capaz de reverter. O exemplo mais latente é o das eliminatórias. Foram cinco vitórias nas seis últimas partidas. Uma verdadeira façanha para chegar ao Mundial no Brasil. Valia tudo para tal. Até criar uma comunidade virtual em aplicativo de troca de mensagens via celular, o Whatsapp. O ambiente familiar capitaneado pelo zagueiro Lugano foi essencial. Na história das Copas, o Uruguai é pródigo na arte de sofrer. Em oito fases de grupo que disputou com quatro times e três jogos, a Celeste passou em cinco. Só em 2010 avançou para as oitavas com duas vitórias. E jamais se classificara por antecipação. Esse grupo já deu mostras suficientes de que sabe absorver a pressão. Sabemos a nossa margem de possibilidade. É difícil, mas não é impossível - discursou Tabárez. O Maestro foi o técnico uruguaio na Copa de 1990, quando acabou eliminado nas oitavas justamente pela Itália, que estava em casa. Mas quebrar marcas é com o treinador. Ao bater a Inglaterra na quinta passada, exterminou um jejum que durava desde 1970, sem vitórias uruguaias sobre europeus em Mundiais.Até a nova geração supera recordes. José Maria Giménez é o atleta mais jovem a entrar em campo pelo Uruguai na história das Copas. Vem de elogiada atuação diante dos ingleses e novamente irá substituir Lugano, ainda em recuperação de inflamação no joelho esquerdo.Por falar em joelho esquerdo... o de Luis Suárez está 100%. Destaque do último jogo com dois gols, o astro celeste é novamente a grande esperança por uma vitória. Porque diminuir o sofrimento, nem Luisito é capaz. Está no sangue uruguaio. Assim como no DNA italiano. Que todos tenham corações fortes, portanto, a partir das 13h desta terça-feira em Natal.
Por GloboEsporte.comNatal, RN
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