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sábado, 28 de novembro de 2015

CPI do Futebol investiga contrato da federação potiguar

A CPI do Futebol está investigando todos os contratos de patrocínio da Chevrolet com as federações estaduais, incluindo o do Campeonato Potiguar. Os acordos vigoraram entre 2013 e 2014, período em que o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, era vice-presidente da entidade. Os documentos obtidos com exclusividade pelo repórter Jamil Chade, do Estadão, estão sendo analisados pela CPI, interessada em saber se Del Nero se beneficiou destes contratos. O primeiro contrato da empresa ocorreu com a Federação Paulista de Futebol (FPF) na época em que Del Nero era presidente e quando o dirigente passou a ocupar a vice-presidência da CBF, a montadora passou a patrocinar federações estaduais por todo o País. Entre 2013 e 2014, 22 federações tiveram contrato com a empresa. O Campeonato Potiguar esteve entre os estaduais patrocinados. “Eu não tenho o juízo de valor formado sobre a situação. O que eu posso dizer é que o valor emitido pela federação era feito dentro de parâmetros da legalidade”, garantiu o presidente da Federação Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), José Vanildo, em contato por telefone com a reportagem do NOVO. Segundo o dirigente, a perda do patrocínio da Chevrolet para esta temporada foi sentida, pos representava o maior valor investido na competição. “Era o nosso maior patrocinador e a saída da empresa foi muito ruim para nós, penalizou principalmente os menores, os clubes do interior”, explicou. Neste ano, quando Del Nero assumiu a presidência da CBF, a Chevrolet passou a patrocinar apenas a entidade nacional, que rompeu anos de parceria com a Volkswagen. Um dos contratos com uma federação estadual, obtido pela reportagem do Estadão, revela o compromisso da montadora de pagar R$ 320 mil em patrocínios para 2013 e outros R$ 320 mil para 2014, em um total de R$ 640 mil em dois anos. O que chama a atenção dos investigadores da CPI é o valor de R$ 40 mil que seria destinado para “ativações e ações promocionais”. No contrato, a empresa confirma que o patrocínio é de R$ 600 mil. Mas, em uma carta-acordo de intermediação de patrocínio, outros R$ 40 mil são adicionados. O documento aponta que o valor deve ser passado para a SG Marketing e Comunicação Ltda., representada por Sergio Luis de Sousa Gomes. O montante coincide com o valor final indicado no contrato principal de patrocínio, elevando o total para R$ 640 mil. Pela carta, a empresa de veículos explica que o pagamento de R$ 40 mil ocorre “por razões operacionais internas” e ordena que a federação estadual repasse o dinheiro da “seguinte forma”: direito de intermediação comercial e ativação do patrocínio. E indica que a SG Marketing é a detentora exclusiva desses direitos. Na avaliação da CPI, os valores citados abrem a suspeita de que a inédita cobertura de uma mesma marca em tantas federações pode ter beneficiado Del Nero na eleição para presidente da CBF. Ele obteve 44 dos 47 votos possíveis (votaram as 27 federações, mais os 20 clubes da Série A do Brasileiro). Seu mandato termina em 2019. Na CPI, dados levantados pelo Senado também apontariam para uma importante evolução patrimonial de Sérgio Gomes desde que passou a ser o intermediário desses acordos.
REQUERIMENTO
Em 17 de setembro, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou requerimento para que a General Motors do Brasil, detentora da marca Chevrolet, enviasse à CPI cópias dos contratos firmados com as federações. Alegou ser a documentação indispensável no trabalho da comissão destinado a “investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL), especialmente sobre as possíveis irregularidades em contratos comerciais realizados por esses organismos”. O requerimento, porém, ainda não foi apreciado. Sobre as desconfianças da CPI e sobre o que levou a empresa a estabelecer contratos com as federações e por que não os manteve em 2015, a General Motors respondeu que “de acordo com as políticas internas da GM, a empresa não comenta fatos ou situações relacionadas com investigações em curso”.
(Fonte/ Estadão/Novo).

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