O projeto, lançado em 2003, tinha como objetivo dar uma atividade aos jovens entre 7 e 15 anos, depois que deixassem a escola. Foi denominado Segundo Tempo. As crianças e adolescentes que estudavam de manhã, participariam do projeto a tarde e vice-versa. Aulas de reforço(português e matemática), esportes (vôlei, futebol de campo, salão e society, basquete, caratê e capoeira), acompanhamento psicológico, médico e dental e também na alimentação, cuidadosamente escolhida por nutricionistas. Mas, qual o melhor local para essas crianças da rede pública de ensino e em situações de riscos, nos bairros mais pobres das capitais, iriam se acomodar?
Emanuel Amaral
O futebol é uma das atividades prediletas dos alunos,
que podem optar por outra modalidade
Foi
quando surgiu a ideia de juntar o programa do Ministério da Educação
com a ajuda do Ministério da Defesa e assim, as bases militares se
uniram na ação e desde então são o ponto de encontro dessas crianças,
que de, segunda a sexta, ocupam o tempo livre dentro das bases e
quarteis, praticando esportes, estudando, tendo noções de civismos e
aprendendo um pouco mais do jeito militar de ser. “Temos 220
crianças aqui no Grupamento de Fuzileiros Navais e eles aproveitam cada
minuto que aqui estão. Eles estudam, praticam esporte, tem um
acompanhamento médico e nutricional. Tudo que precisam para melhorar
suas condições, eles recebem aqui. Isso é muito importante. Além disso,
aprendem a ter disciplina, o que falta, em muitos casos, em casa”,
afirma o Capitão Jaílton Paraguai, um dos responsáveis pelo projeto em
Natal. O projeto não se delimita apenas ao Grupamento de Fuzileiros
Navais, no bairro das Quintas. Mais dois pontos no Rio Grande do Norte
recebem os alunos: a Estação Rádio de Macaíba e a Base Naval de Natal,
no Alecrim. Ao contrário dos Fuzileiros, que só tem meninos, os outros
dois locais são compostos por meninos e meninas no projeto. Os
meninos são escolhidos por três organizações: a Secretaria Municipal de
Trabalho de Assistência Social de Natal (Semtas), a Fundac (Fundação
Estadual da Criança e Adolescente) e pela Prefeitura de São Gonçalo do
Amarante, que além de mandar os meninos, também atuam como parceiros,
disponibilizando monitores e estagiários, para ajudar no controle das
crianças. Um desses monitores é o professor de educação física Marcos
Gomes, que é o coordenador de esportes do projeto. Experiente, técnico
de grandes nomes do atletismo no estado, como P.Silva, ele demostra uma
grande satisfação em ajudar as crianças. “Elas não me dão nenhum tipo de
trabalho. Pelo contrário, só querem saber de se divertir. E é isso que
propomos aqui: não fazemos nada para rendimento e sim um negócio mais
lúdico, voltado para as crianças. Lógico, se aparecer algum deles que se
destaque e que possa ter futuro no esporte, ficamos de olho”, disse
Gomes.
Emanuel Amaral
O
projeto, que teve início em 2003, reúne representantes militares
e
civis com o objetivo de promover atividades esportivas e pedagógicas
para crianças natalenses com idades entre 7 e 15 anos
Caso não
apareça nenhum destaque nos esportes, os jovens podem seguir a carreira
militar. Alguns já pensam nesse sentido. “Se não der para seguir
carreira como jogador de futebol, serei um fuzileiro naval”, garante o
adolescente Ronaldo Oliveira, de 15 anos, que, até o final do ano, deve
deixar o programa, já que a idade que ele tem, é o limite máximo para
permanecer no projeto. Até porque, de acordo com o Capitão Jaílton, as
crianças e adolescentes são livres para escolher o que fazer dentro do
projeto. Ex-aluno se transforma em um dos colaboradores
A história de Fernando Éverton Ramos se confunde com a do Forças no Esporte. Ele foi um dos primeiros a fazer parte do projeto, no início de 2003, ano de implantação do Forças em Natal. Tinha nove anos de idade. Ficou no projeto durante sete anos e depois, por ter atingido a idade máxima de permanência, 15 anos, teve que deixar o programa. Mas, por ter gostado e visualizado uma vida melhor, aos 18 anos, se alistou e retornou a Marinha, para fazer parte do Forças, agora, como marinheiro, ajudando as crianças que, atualmente participam da ação.
Emanuel Amaral
Fernando Ramos, marinheiro, foi aluno do projeto e atualmente
é um dos que trabalha na iniciativa
“Tudo
que tenho hoje em dia, devo ao programa Forças no Esporte. Se sou o que
sou, foi por causa esse projeto, dos professores que me ajudaram. Pude
mudar de vida, planejar algo melhor. Graças a Deus que isso apareceu na
minha vida”, afirma o marinheiro Ramos, que há três anos, dá expediente
no Grupamento dos Fuzileiros Navais, nas Quintas. A sorte que ele teve em conseguir entrar na Marinha, alguns amigos de
infância, que também participaram do programa Forças no Esporte, não
tiveram. Por percalços da vida, grande parte escolheu um caminho
incorreto para seguir. Alguns acabaram sendo mortos e outros estão
presos, tudo por causa das drogas e violência. “Muitos amigos meus, que
não quiseram seguir no projeto, morreram ou estão preso. Tenho certeza
de que esse seria o meu destino, caso não tivesse a força de vontade de
retornar e seguir uma carreira militar. Infelizmente eles não quiserem,
se envolveram em coisas erradas e tiveram que pagar”, revela.Fonte; Tribuna do Norte
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