O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

sábado, 8 de março de 2014

Apaixonada por futebol, estudante quer ser treinadora profissional

Foi-se o tempo em que o futebol era um esporte apenas para homens. A grande produção de craques brasileiros faz com que o público feminino se interesse mais pelo esporte que é a paixão nacional. Há também quem queira ir mais além, para estudar técnicas de treinamento e descobrir um pouco mais sobre o dia a dia do mundo do futebol e, até mesmo, participar dele. Essa foi a ideia da potiguar Juliana Lima, de 24 anos. Formada em Educação Física e Gestão Desportiva e do Lazer, a educadora, que é apaixonada por futebol desde a infância, buscou se especializar na área e integra uma pós-graduação em Metodologia do Futebol em uma universidade particular, em Natal.
Juliana Lima é a única mulher na pós-graduação em metodologia do futebol, em Natal (Foto: Arquivo Pessoal) 
Juliana Lima é a única mulher na pós-graduação
em metodologia do futebol, em Natal (Foto: Arquivo Pessoal)

O detalhe é que Juliana é a única mulher do grupo em meio aos mais de 30 alunos matriculados na turma, entre os quais estão profissionais do ABC, América-RN, Alecrim e Globo FC, clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Potiguar. Mas nem por isso Juliana se sente rejeitada pelos colegas e afirma que não existe preconceito pelo fato de ser do "sexo frágil". Não existe preconceito da turma comigo. Não sabia que era a única mulher em meio a tantos homens. Quando iniciei o curso da pós-graduação voltada para o futebol, no fim do ano passado, o primeiro dia de aula foi uma surpresa. Entrei um pouco desconfiada, mas não achei ruim - comenta Juliana. Para contar como é o dia a dia do curso, além das histórias que ouve sobre ex-jogadores e jogos do antigo Estádio Machadão, a educadora física teve a ideia de interagir na internet e criou um blog, chamado de "Gramado Rosa", onde posta informações sobre futebol e Copa do Mundo, já que Natal vai receber quatro jogos pelo Mundial. - Eu pensei em fazer uma coisa para atrair as mulheres para o futebol e me perguntei: 'Por que eu não posso trabalhar no futebol masculino?'. Como eu sou torcedora e nunca trabalhei com futebol, ouço muitas histórias interessantes de alguns ex-atletas. Criei o blog muito mais como um hobby, mas agora estou pensando em anexá-lo ao meu trabalho de conclusão de curso - explica. No blog, a estudante descreve os módulos do curso, mas também abre o espaço para que outras meninas possam enviar sugestões e textos sobre futebol. - Quero que outras meninas também descubram como é falar sobre futebol e saibam mais sobre o esporte. Vou escrever sobre o curso que estou fazendo, mas espero falar sobre outras coisas que envolvam o futebol - afirma.
Carreira no futebol
A previsão para o término da pós-graduação é no início de 2015 e Juliana planeja trabalhar no futebol. Mas ao contrário do que pensam, a educadora não pretende trabalhar com o público feminino e, sim, com os homens. Quem disse que mulher não pode entrar no vestiário? Quero trabalhar com o futebol e, quem sabe, no futebol masculino. Alguns colegas de turma são profissionais de alguns clubes do estado e já fui sondada para alguns estágios. Acredito que poderei trabalhar, sem nenhum problema - planeja.
Profissionais do ABC, América-RN, Alecrim e Globo FC integram a turma de pós-graduação em futebol (Foto: Arquivo Pessoal) 
Profissionais do ABC, América-RN, Alecrim e Globo FC
integram pós-graduação em futebol (Foto: Arquivo Pessoal)

E o incentivo vem do professor e coordenador do curso de pós-graduação, Marcelo Henrique. Fisiologista do ABC, o profissional foi professor de Juliana durante a graduação e disse que ficou "surpreso" ao ver que a aluna estava interessada em estudar o futebol, já que durante o ensino médio, a educadora era atleta de ginástica artística. - Para mim, foi uma surpresa enorme por várias questões, como a diferença de sexo e por se especializar no futebol, onde o mercado de trabalho não é vasto para o sexo feminino. O histórico dela de aluna atleta foi na ginástica artística e fiquei impressionado quando ela, junto com a família, enfrentaram barreiras por conta do preconceito - ressalta. Para Marcelo Henrique, a iniciativa da educadora em trabalhar com o futebol pode abrir "a mente das pessoas" para que o mercado receba outras profissionais. Esse fato pode modificar o preconceito e o mercado de trabalho. Quem sabe, a mente das pessoas possa mudar. No âmbito escolar, onde se abrem um espaço maior para o futsal, por exemplo, está se reduzindo bastante e está sumindo no cenário público. Possivelmente, ela pode ser uma referência na área, tanto na parte acadêmica quanto no mercado de trabalho - comemora.
Por Natal

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