Demis roussos
ALAN OLIVEIRA, ESPECIALISTA EM MARKETING ESPORTIVO
Nos últimos anos o esporte tem buscado o caminho da profissionalização, principalmente no que diz respeito à questão do marketing esportivo. Você é especialista nessa área. O marketing é capaz de produzir resultados realmente na área de esporte? Cite exemplos.
O exemplo mais clássico é o Banco do Brasil. Fez pesquisa e percebeu que a única forma de reposicionar sua marca, buscar uma novo perfil de cliente e garantir mais rentabilidade ao investir no esporte nos anos 80. Em pesquisa, viu o voleibol como instrumento de comunicação para garantir o retorno imediato e conseguiu. O exemplo é modelo para muitas empresas que percebem a força ao investir no esporte, como valores que só o setor possui. Tudo passa por estudo e saber ativar como fez o banco. Nada mais que um boa prática de mostrar e comprovar que o esporte é um grande negócio.
Nosso mercado está preparado para atender esse novo nicho que é o esporte?
Difícil encontrar uma empresa hoje que já investiu, investe ou vai investir no setor. É um caminho sem volta. São números. O impacto já chegou dos grandes eventos no Brasil, seja Copa do Mundo, Jogos Olímpicos, Paralímpicos, derrubam a tese do esporte como patinho feito. As empresas locais estão despertando só agora. Ainda são poucas que acreditam neste mercado tão pujante como o nosso. O que oferecemos é fazer comunicação através do esporte. Já cheguei a visitar empresa há dois anos que temia por associar sua marca ao futebol, e hoje faz mídia convencional para divulgar o seu produto através do futebol. Atualmente, as redes, grandes operadores, as multinacionais que tem posicionamento no mercado potiguar são as mais atraentes. Com profissionalismo, mostramos o retorno desejado e como o cliente é fidelizado. É tiro certo no marketing direto, no promocional, e segmentado é a bola da vez, pois as empresas hoje já tem agência de publicidade, agência de marketing esportivo e assessoria de comunicação. Tenho certeza que cada vez mais empresas locais investirão no esporte.
Quais as principais dificuldades e barreiras ainda encontradas?
A falta de informação. Muitas empresas nunca investiram no esporte e acreditam que não tem retorno. Puro engano. Quem entra no setor, não quer sair mais. Percebe com investimento a fidelização de sua marca, imagem como cliente e buscar sempre envolvimento com o público. Uma boa comunicação faz a diferença. Outra dificuldade é profissionalização, ter a consultoria de uma empresa que tenha experiência no setor, para buscar alternativas atraentes ao potencializar a ativação não só de patrocínios, como também de mídias complementares para saber que a ação existe, de fato.
As suas experiências no Estado, primeiro com o ABC e agora com a Federação Norte-Rio-grandense de Futebol, deixaram marcas em você como profissional. O que você aprendeu com essas experiências ?
Aprendi que negócio bom é aquele que está no papel. O ABC foi uma lição, uma grande escola, justamente pude prestar um serviço quando estava concluindo minha especialização. Foram dois anos de resultados que deram visibilidade ao clube e ao meu trabalho, pelas ações desenvolvidas, como a agência de marketing esportivo contratada, a 10 Sports. Meu pai jogou futebol e se chamou atenção para o mundo do futebol e gostaria que meus colegas de imprensa tivessem a oportunidade de que tive para conhecer melhor o que de fato é o mundo do futebol. Na Federação, o presidente foi e é um grande parceiro. Homem de palavra e compromisso. Me deu uma oportunidade para fazer um trabalho de maneira que pudesse envolver os 10 clubes, buscar empresas investir no futebol potiguar. É um trabalho que tenho muito orgulho.
Todos falam que o Estadual é falido. No entanto, este ano vimos a FNF conseguir vários parceiros. O Estadual é realmente tão ruim ou nunca havia sido feito um trabalho realmente voltado para engrandecer essa competição?
O Campeonato Potiguar é melhor que o Brasileiro e o meu desejo é que 2013 seja o ano. Se for comparar os números que existem, me refiro aos grandes, receitas x despesas, a conta do Brasileiro não fecha. No potiguar, para ABC e América, as despesas são menores, principalmente quanto ao elenco. Quando chega o Nacional, por mais que receba R$ 2milhões por 8 meses de arena para a TV, ou seja R$ 250 mil/mês, se não tiver receita de patrocínio e uma gestão de marketing profissional para potencializar a mídia oferecida na telinha, é prorrogar a "cortina". No estadual, a FNF decidiu investir em marketing, buscou uma empresa especilizada, fizemos um projeto inédito e apresentamos um novo produto, repleto de vantagens para os investidores. Focamos em bons parceiros e aceitação foi a melhor possível. Mas, nosso maior desafio foi divulgar e trabalhar sistematicamente por uma melhor imagem do nosso futebol, o que fortalece a todos, sejam clubes, federação, imprensa e o principal cliente: o torcedor. Uma grande lição é não fazer despesa com elenco do futebol baseando-se com as as receitas de marketing. Se não colocar a margem favorável para as eventualidades, a conta não fecha nunca. E quando o assunto é novembro, dezembro e janeiro? O bicho pega.
O que foi feito este ano e quais os resultados que você poderia nos apresentar?
Hoje temos um projeto de marketing e comercial para os investidores. Os clientes recebem relatórios e antedimento sistemático para as ativações de patrocínio. A FNF investiu no portal da entidade, com informações em tempo real e com projeto visual ousado. Foram 14 empresas que investiram no Campeonato Potiguar, criamos o Prêmio Craque Potiguar no TAM, ações de envolvimento com o público, como na final uma torcedora ganhou a bola da decisão, camisa autográfaca do América, acesso ao jogo, um kit som automotivo da Bravox e a medalha de campeão, a mesma de seus ídolos. Além disso foi criada a Ouvidoria Telepesquisa, a central de informações 24 horas, e foi lançada a revista de jogo na decisão, com tiragem de 10 mil exemplares. Sem esquecer da premiação inédita. A garantia de 3 carrros 0km aos filiados, oque nnehum federação do país tem e tem o mérito especial do presidente José Vanildo. Mas há muito que fazer nos novos desafios.
Para 2013 o Estadual pode ser modificado devido ao calendário. Isso pode prejudicar o marketing? Já está sendo planejado o evento de 2013?
Já estamos planejamento 2013 desde a largada do Campeonato de 2012. A satisfação dos patrocinadores são fundamentais para conferir o retorno que cada investidor está tendo. Muitos já garantiram, só falta assinar contrato, a renovação para 2013. Não vejo a modificação do calendário como adversário, vejo como uma grande oportunidade, pois as empresas terão mais visibilidade, mais tempo pra divultar seus produtos, marcas, serviços, já que a durabilidade da competição será extendida.
A área de eventos também tem crescido muito no esporte. Quais eventos você organiza?
Nesses quatro anos da 10 Sports, realizamos ações promocionais no ABC, desde o pré-jogo, intervalos, e oportunidades de lançamentos de serviços e produtos, tais como o lançamento do uniforme da Lupo com Milene Domingues no Olimpo. Na FNF, fizemos o lançamento e a festa de encerramento no Teatro Alberto Maranhão. Além disso, promovemos o maior evento esportivo do Rio Grande do Norte, o Prêmio Dez. Esta última foi a quinta edição, com 72 premiações, envolvendo 55 esportes, federações, mídia, clubes e muito mais. Destaco também a organização do X Terra Brazil.
Como os clubes do Estado poderiam se aproveitar do marketing? Existem estudos sobre essa área?
Todos podem. Cada um com sua realidade. Todostem cliente: torcida. E o bom que existe um mercado empresarial que deseja investir para vender mais, fidelizar sua marca, para este cliente. Fiz uma pesquisa há quatro anos, antes de abrir meu novo negócio em comunicação e isso foi provado. Lógico que alguns tem mais potencial que outros. Tem muito gigante adormecido.
No ABC foi um caso de sucesso, qual a avaliação desse trabalho?
Quando fui para o ABC, precisei sair, por uma decisão ética, de quatro veículos de comunicação que trabalhava, por ter aceito o convite para ser Superitendente de Comunicação do ABC, em dezembro de 2009. Mas só em junho, a 10 Sports foi contratada para assumir o marketing. Nesse tempo, o clube chegou a 10 mil associados em seis meses, elaboramos um programa de marketing pioneiro no Norte e Nodeste, com os mascotes Fantão e Fantinho, campanhas de envolvimento para garantr a Série A da Timemania, um trabalho de base importante. Além disso, aumentamos a receita do clube em 500%, com grandes marcas vestindo ABC, tais como a Unimed, Traxx, Ambev/Brahma, EMS, ALE, Capemisa, Óticas Diniz e tantas outras. Promovemos o São João do clube nos 96 anos, sem que o clube faça qualquer tipo de investimento, pelo contrário, com receita extra. Mas não fazemos nada disso só, fazemos com a nossa equipe que acompanha as tendências de mercado e ama comunicação esportiva. Fica o meu agradecimento a diretoria do clube, que deu todo apoio e abriu muitas portas com o projeto que desenvolvemos.
Fonte: Tribuna do Norte
Nenhum comentário:
Postar um comentário