Leonardo Arruda critica atual gestão do ABC |
Aos Torcedores e Associados do ABC FC.
“De forma aberta e franca, estilo que
conservo ao longo de uma vida em que o ABC é razão fundamental, sinto-me
no dever de me dirigir a cada alvinegro, em decorrência dos últimos
acontecimentos relativos à eleição no clube e para fazer – convidando a
todos – uma reflexão sobre fatos, posturas, atitudes, consequências,
pois o futuro não se descortina sem análise profunda sobre tempos
passados e recentes. Deixo para a torcida avaliar minha
trajetória no clube. As conquistas obtidas no suor e na compreensão do
pensamento simples e verdadeiro da inestimável Frasqueira, nosso maior
patrimônio. Nas glórias, nas vitórias e nas dificuldades inerentes à
grandeza de uma instituição centenária edificada pelo amor e o
sacrifício de muitos. O ABC é Centenário pela luta e abnegação
de tantos, que simbolizo na figura inesquecível do ex-presidente e
referência de liderança natural: Ernâni Alves da Silveira, nosso
chanceler que sempre soube ouvir e – principalmente – respeitar
opiniões, lhe fossem favoráveis ou não. Sereno e respeitoso sempre e sem jamais
se utilizar de expedientes sombrios de pressão. Faz muita falta Dr.
Ernani, a quem reverencio no seu 90º aniversário de nascimento,
completado no domingo (25/10). Evoco, ainda, José Prudêncio Sobrinho,
legado de amor e descompromisso material, 92 anos se vivo fosse e
Alberto Amorim, figura discreta, afetuosa e dedicada, com quem tive a
honra de conviver, trabalhar e aprender. Três homens, três sinônimos de
um ABC de Todos. Transmito meu pensamento com a altivez
de quem, com muito orgulho, participa do cotidiano do clube e,
legitimamente, usa sua voz ativa e o direito de opinião para buscar o
melhor para o ABC. A consciência crítica me faz livre.
Assim se faz democracia. Nada me é desejo que não seja o ABC vitorioso e
administrado abertamente. O ABC não pode ser uma confraria fechada de
nobres. Na letra do hino está: ABC, Clube do Povo. Faço esta observação para repudiar, com
tristeza e veemência, afirmações e insinuações que nos põem, nós da
oposicão, como irresponsáveis instrumentos de discórdia e de fomento à
intriga no ABC. Quem disso usa, disso cuida, ensina o
provérbio popular e esse alguém, é bom que fique claro: não sou eu.
Procurem e haverão de achá-lo. Faço parte de um grupo formado por homens
e mulheres, abecedistas responsáveis, íntegros e divergentes sem ódio. A exata opção pela clareza na exposição
dos meus pontos de vista, meu comportamento avesso ao totalitarismo e
contestador por princípio de justiça, me exclui do sarcasmo barato com
que alguns, merecedores do meu respeito e até do meu afeto e amizade
pessoais, me brindam de forma jocosa . Nunca me utilizei do anonimato nem de interpostas pessoas para me
manifestar sobre as coisas do ABC, nem expressar o meu pensamento. Como Torcedor, ex-presidente e
conselheiro, tenho direito de ter opinião própria, mesmo que não agrade
aqueles que se julgam no “Olimpo das Vaidades”. Escolham outro
destinatário. Nunca fui contra o consenso. Sou a favor
do bom senso e abomino a hipocrisia. Consenso predispõe desarmamento de
espíritos, abertura para diálogo sem intolerância, deposição de armas
(verbais e de relacionamento).
Consenso é uma porta que se abre pelo respeito.Comportamentos restritivos, ameaças veladas, vetos arbitrários, atropelamento estatutário na omissão descabida de informações financeiras, humilhações recorrentes a que são submetidos os que divergem da atual gestão, a transformação do Conselho Deliberativo, numa instância meramente decorativa, cartorial e submissa, bastam para compor um quadro distante do que se pode chamar de consenso. É o que penso e é o que reafirmo. Assinando embaixo. Sem radicalismo, mais uma palavra transformada em artifício para brindar de forma deseducada os que não dizem amém à atual diretoria. Aos que são grosseiramente desqualificados de “maus abecedistas”. Exposto o que acima está, espero haver me feito entender. Consenso é conciliação? Sim. Então que não se pregue entendimento cuja condição primordial seja a exclusão do nome do ex-presidente Judas Tadeu Gurgel. Quem tem medo de Judas? Não posso acreditar em um consenso cuja premissa é “com qualquer um, menos com Judas Tadeu”. Por que não com Judas Tadeu? Consenso é pacificação? Sim. Então, que não se ocupe emissoras de rádio para chantagear aleatoriamente quem quer que seja, à base de dossiês, instrumentos nefastos e típicos das ditaduras. Consenso é construção? Sim. Então que não se imponham nomes sem escutar os outros. Os outros que sejam todos. Abertamente. Não esqueçamos, abecedistas, que vivemos os efeitos de um “consenso” aspeado, empurrado nossa goela abaixo anos passados, quando a condição para a permanência de um gestor foi o atropelamento da via democrática e livre da escolha do Conselho Deliberativo. Estamos sentindo – sem exceções – os efeitos desse arranjo. Clube sem referência, sem títulos há quatro anos, exposto ao ridículo, devedor da Justiça do Trabalho, dominado por negociantes no futebol abarrotado de contratações fracassadas e ameaçado de queda para a Série C no Centenário após sucessivos equívocos, um deles imperdoável: a demissão insolente do médico Roberto Vital, após 28 anos de indiscutível dedicação ao ABC. Cedi ao desconforto de mencionar desagradáveis momentos para tentar encerrar o ciclo de injustiças contra mim e contra valorosos abecedistas, muitas vezes demonizados por aqueles que querem se perpetuar no poder do clube a qualquer custo. Defendo a eleição e apóio Judas Tadeu Gurgel. Entendo em Judas o nome ideal para a reconstrução do clube. Qualquer divergência que alguém possa ter com Judas Tadeu Gurgel, se abecedista, são superadas pelo amor comum ao ABC. Judas reúne qualidades e está mais preparado, mais experiente e auxiliado por jovens alvinegros com pensamentos inovadores e perfil moderado, ancorado em um Plano de Gestão para administrar o clube. Judas também pode ser consenso. Judas não guarda rancores nem revanchismos. E tem direito de colocar seu nome em disputa saudável à disposição dos alvinegros. Consenso é diálogo, maduro e responsável. Não o mero disfarce de um acordo de penumbra. De um acordão que, definitivamente, destoa das tradições de liberdade do ABC Futebol Clube.
Fonte: Blog do Major
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