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domingo, 6 de maio de 2012

Um clássico de 939 gols e 359 jogos

ABC ou América: quem levará a melhor nessa? A resposta se saberá mais tarde, mas a pergunta é antiga. A história dos clássicos-rei no Campeonato Estadual começou em 1918, no campo do Tirol, onde hoje se encontra a Praça Cívica de Natal. Foi lá que, pela primeira vez, os dois maiores clubes do Rio Grande do Norte se enfrentaram em um Campeonato Estadual. E nessa, o América levou a melhor, com vitória por 3 x 0 em cima do alvinegro. Começava aí uma rivalidade histórica protagonizada por torcedores apaixonados, craques memoráveis e - o melhor - por muitos gols. Ao todo, foram 359 clássicos entre ABC e América pelos campeonatos estaduais desde 1918 até os dias atuais. Os números tendem a favorecer o alvinegro, com 130 vitórias contra 121 para o alvirrubro. Já o número de empates fica em 108 jogos. Durante essa história quase secular, a rede não balançou pouco. Foram 939 gols, sendo 495 marcados pelo ABC e 444 pelo América, ou seja, um saldo de 51 para o clube de Ponta Negra. O primeiro encontro entre os dois times em uma decisão de Estadual aconteceu em 1933, depois da vitória alvirrubra no primeiro turno e do êxito alvinegro no segundo. Foi um jogo tenso e marcado por detalhes e curiosidades, a começar pela decisão que só aconteceu mesmo no ano seguinte, em decorrência dos jogos da Seleção do Rio Grande do Norte, que na época disputava o que é conhecido hoje por Campeonato Brasileiro. Na lembrança registrada no gramado do estádio Juvenal Lamartine, uma final com muitos gols. O ABC venceu o América por 6 x 4. Depois disso, alvinegros e alvirrubros ainda se encontrariam 22 vezes em decisões clássicas do Campeonato Potiguar. E o encontro das equipes servia também para reunir seus torcedores. Em dia de clássico, era certeza de festa e casa cheia. Na final do segundo turno do Estadual de 1976, o antigo Castelão vibrou com 50.486 torcedores, o maior público registrado no Campeonato Potiguar. Com estádio lotado, o América derrotou o ABC por 2 x 1.
O pesquisador em futebol Marcos Trindade(Foto) aponta algumas das razões que explicam o público recorde do jogo. "Naquele ano, o ABC vinha passando por uma campanha espetacular. O time tinha conseguido jogar mais de mil minutos sem sofrer um gol sequer. A equipe vinha de 12 partidas sem ninguém conseguir passar pelo goleiro Hélio Show. E quem quebrou esse tabu foi justamente o meia Maranhão do Potiguar de Mossoró em um jogo da segunda fase do segundo turno. Mesmo assim, o ABC ainda venceu o Potiguar por 2 x 1. Somado a isso, ainda tinha o apelo do clássico-rei para lotar o estádio", destaca. E se o clássico ABC e América convoca e sempre convocou o torcedor ao estádio, o que dizer da década de 1990? Esse foi o período em que alvinegros e alvirrubros mais se enfrentaram na história. Só em 1994, a bola rolou entre os dois times 18 vezes. Um fato, no mínimo, curioso, mas que tem explicação. "O campeonato desse ano foi disputado em dois turnos. O campeão do primeiro turno foi o América e nele as equipes se enfrentaram oito vezes, já que o ABC havia vencido a primeira fase do turno e o América a segunda. No segundo turno aconteceu o contrário, pois foi o ABC quem venceu a primeira fase e o América a segunda. Na decisão do turno quem levou foi o alvinegro, totalizando mais oito jogos. Com mais duas partidas da final, tivemos então 18 clássicos-rei naquele ano", lembra Marcos. A última vez em que ABC e América estiveram em campo na decisão de um Campeonato Estadual foi em 2007. Naquele ano, o alvinegro garantiu o título com goleada por 5 x 1 em cima do rival e, de sobra, despertou o talento do atacante Wallyson, hoje no Cruzeiro. O jogador marcou cinco gols nos dois jogos da final, sendo quatro na última partida, no estádio Frasqueirão.
Marinho Apolônio, o maior artilheiro dos clássicos
Os 94 anos de confrontos entre ABC e América renderam não só boas histórias, mas, acima de tudo, revelaram grandes goleadores no futebol potiguar. O maior deles na história dos Clássicos-Rei foi Marinho Apolônio(Foto). Habilidoso, dono de passes sob medida e oportunista, Marinho vestiu a camisa dos dois times, e, sem distinção por onde passou, ele levou a fama de goleador. É o maior artilheiro dos clássicos, com 19 gols, seguido de Tico, com uma marca de 17 gols, e Silva, que soma 16. Pelo ABC, quem marcou a história como maior goleador do clube em Clássicos-Rei foi Sérgio Alves. Durante sua temporada no ABC, ele marcou em todos os jogos contra o América, o que rendeu o título de artilheiro dos clássicos, com 13 gols, seguido de Jorginho (12 gols) e Xixico (10 gols). No América, Saquinho, na década de 1950, mostrou habilidade e garantiu a artilharia dos clássicos estaduais depois de balançar a rede por 14 vezes. Ele se manteve no posto isolado até a década de 1980, quando Baica passou a vestir a camisa rubra e igualou a marca. Os dois são os maiores artilheiros do clube, seguidos de Marinho Apolônio, com 11 gols, e Bebeto, com 10.
Decisão de hoje serve como ‘tira-teima’
Hoje à tarde, as duas equipes voltam a se enfrentar pela 24a. vez na decisão de um Campeonato Estadual. Só neste ano, América e ABC entraram em campo seis vezes, e o que se tira disso é um equilíbrio entre as equipes, cada uma com três vitórias. Nenhum empate. Aliás, desde 2009, em jogos pelos campeonatos estaduais, alvinegros e alvirrubros não sabem o que é empatar. Agora, o ABC com o título do primeiro turno em mãos e o América com a conquista do returno entram em campo para a decisão do Estadual 2012. No primeiro jogo, uma vitória alvirrubra de virada em cima do ABC por 2 x 1, em Goianinha, garantiu um certo favoritismo ao time de Roberto Fernandes. Hoje, o time joga por um empate, e isso pode significar mais que a conquista do título, mas acima de tudo uma quebra no jejum, já que a equipe não vence o campeonato há oito anos. A última conquista do Estadual pelo alvirrubro foi em 2003.
Fonte: Marksuel Figueredo/Redação de Natal 

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