O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

domingo, 21 de maio de 2017

"O futebol de Mossoró vai morrer", desabafa presidente do Potiguar sobre interdição do Nogueirão

O Nogueirão, em Mossoró, está interditado para qualquer prática esportiva. A decisão tomada pelo 2º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Mossoró, que leva em consideração o fato de que as obras para a melhoria da segurança no local não tenham sido executadas conforme o planejado, bloqueia a utilização do estádio. Inaugurado em 4 de junho de 1967, o Estádio Manoel Leonardo Nogueira é a principal praça esportiva da região Oeste do Rio Grande do Norte. Sem o Nogueirão, o futebol de Mossoró, que já agoniza com a falta de investimentos para disputar o Campeonato Potiguar, pode se complicar ainda mais. Às vésperas da estreia na Série D do Campeonato Brasileiro, o Potiguar teve a confirmação apenas na terça-feira que não poderia jogar em casa. A escolha pelo Estádio Edgarzão, que fica na cidade vizinha de Assú, distante cerca de 80 km de Mossoró, vai gerar custos extras para a direção alvirrubra. A equipe, por sinal, só foi montada na última quarta-feira e já sofreu com a demisão do técnico Edivaldo Oliveira. Mastrillo Veiga assumiu o comando na sexta-feira. Para o presidente do Potiguar, Marco Antônio Fernandes, a situação é de desespero.
O dirigente desabafou ao GloboEsporte.com e disse que, se não houver uma força-tarefa para a captação de investidores, "o futebol de Mossoró vai morrer". Eu vejo com muita tristeza essa situação do Potiguar. Parece até uma novela e daquele tipo bem complicada. Nós que fazemos o futebol daqui dependemos muito do Nogueirão. Se não tomarem as providências cabíveis, o futebol de Mossoró vai morrer. Os problemas do estádio são evidentes e as autoridades competentes precisam agir. Não temos apoio financeiro porque os empresários não se manifestam para apoiar os clubes. A prefeitura não se manifestou e nós temos que bancar muitas coisas - desabafou o presidente do Potiguar de Mossoró.  Nas 43 participações dos clubes mossoroenses no estadual - a primeira aconteceu em 1974, com o Potiguar; o Baraúnas só estreou em 1976 -, a cidade esteve representada no topo do pódio em apenas três ocasiões: em 2004, com o Potiguar; em 2006, com o Leão do Oeste; e em 2013, novamente com o Alvirrubro. Desde 2014, a dupla "PotiBa" sofre para mandar seus jogos no Nogueirão e só consegue por força de liminar na justiça, com a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta com os Bombeiros e a prefeitura. Apesar de não ter qualquer atividade profissional neste segundo semestre, o Baraúnas também sofre com a interdição do Nogueirão. O local, que poderia servir para o treinamento das categorias de base, não pode abrir os portões para a população. O vice-presidente do Leão, Gilson Cardoso, lamentou o "estado de abandono" do Nogueirão e pediu providências à classe política da cidade. Eu vejo a situação como muito preocupante. Não estamos sentindo na pele agora porque estamos sem atividades. Mas acredito que falta vontade da classe política da nossa cidade, faltam ações para reformas ou até construção de um novo estádio. Tempos atrás, houve a divulgação de uma maquete para a reforma de um 'novo Nogueirão', mas não passou disso. É um dos principais estádios do Rio Grande do Norte, mas que está quase abandonado. Lamento profundamente a situação do Nogueirão - disse Cardoso. 
Ex-jogadores lamentam a ausência do Nogueirão
Ídolo das torcidas do Baraúnas e do Potiguar, o ex-atacante Cícero Ramalho vê com tristeza a interdição do Nogueirão. Carrasco do Vasco na Copa do Brasil de 2005, quando defendia o Leão do Oeste, Cícero revelou ao GloboEsporte.com ter feito grande parte dos gols durante a carreira profissional em Mossoró e lamenta que o estádio não tenha a história respeitada. O ex-jogador citou ainda que o Potiguar de Mossoró, que vai disputar a Série D do Campeonato Brasileiro deste ano, terá gastos extras por ser "obrigado" a jogar fora de casa. É uma situação extremamente triste, porque é um estádio em que eu fiz mais gols na minha vida. Vendo essa situação, chego até chorar de desgosto. Eu gostaria que órgãos competentes tomassem alguma providência, mas é uma pena. Infelizmente, eu não posso fazer nada. Para mim, é uma tristeza total. Nós vemos outros estádios pelo Rio Grande do Norte, que não têm a grandeza e até a importância que o Nogueirão tem e são mais cuidados, com condições boas para a torcida e para os clubes. Quando uma equipe deixa de jogar em casa para enfrentar um adversário em outro estádio, mas sendo o mandante do jogo, acaba sofrendo um gasto enorme e desnecessário. O Potiguar foi obrigado a jogar longe de Mossoró e vai pagar com isso - criticou Cícero Ramalho.
Cícero Ramalho foi ídolo no Baraúnas e Potiguar de Mossoró e fez história no Estádio Nogueirão (Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)
Cícero Ramalho foi ídolo no Baraúnas e Potiguar de Mossoró e fez história no Estádio Nogueirão (Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com)

Outro ex-jogador que teve grandes momentos no Nogueirão é Júnior Xavier. O ex-atacante começou a carreira no Potiguar de Mossoró, em 1980. Depois, atuou pelo Fortaleza, Vitória, Grêmio, e Americana. Na volta ao Rio Grande do Norte, jogou no ABC, Baraúnas e encerrou a carreira no Time Macho, em 1998. Hoje, é comentarista de uma rádio em Mossoró. Se o nosso futebol continuar se apagando dessa forma, no máximo em cinco anos não vai ter mais clubes. Acho também que é uma perseguição muito grande ao estádio. O campo foi liberado pela justiça, mas a interdição dos Bombeiros acaba sendo uma injustiça ao torcedor e aos clubes. O futebol é a maior atividade apaixonante do mundo e em Mossoró também. Acho um desrespeito com todos nós. O futebol daqui está se apagando e considero heróis essas pessoas que seguem à frente dos clubes. O Potiguar vai disputar um Campeonato Brasileiro, um monte de clube sonha em estar nessa situação, e o nosso futebol com problemas com o estádio. Por que as coisas no Nogueirão são feitas de uma forma e em outros estádios não acontecem também? Eu questiono, por exemplo, os corrimãos que foram instalados aqui e no Frasqueirão, que possui um lance de arquibancadas bem superior, não tem. Qual o critério para essa avaliação? É preciso que as entidades responsáveis andem juntas, caso contrário não teremos mais futebol na nossa cidade - desabafou Júnior Xavier.
Júnior Xavier encerrou a carreira em 1998, no Potiguar de Mossoró; atualmente, é comentarista esportivo (Foto: Divulgação)
Júnior Xavier encerrou a carreira em 1998, no Potiguar de Mossoró; atualmente, é comentarista esportivo (Foto: Divulgação) 

Por Jocaff Souza, Natal

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