A publicação do balanço financeiro por parte da Federação
Norte-rio-grandense de Futebol, referente ao ano de 2016, não foi
satisfatória para o presidente de honra do Globo FC, Marconi Barretto.
Sem saber o destino do dinheiro que passa pela FNF, o dirigente do clube
de Ceará-Mirim vai entrar na Justiça nesta segunda-feira para ter
acesso, segundo ele, ao documento que apresente o detalhamento das
receitas e dos gastos feitos pela entidade que comanda o futebol
potiguar. O despacho está sendo feito pela assessoria jurídica da Águia e
será entregue ao Ministério Público do RN. Ao GloboEsporte.com,
Barretto criticou não ter acesso aos valores que são aplicados e as
receitas da federação. Dono do clube de Ceará-Mirim, o empresário não
esconde a postura opositora a José Vanildo, presidente da FNF e que tem
mandato à frente da entidade até 2019. No dia 20 de abril, Marconi Barretto foi à federação acompanhado pelo
presidente em exercício do Globo FC, José Ferreira de Lima e do advogado
Donnie Allison dos Santos Morais. A intenção era a de obter uma cópia
integral da prestação de contas que detalhasse as contas do exercício
financeiro da FNF de 2016. O pedido foi protocolado e o documento foi
publicado no último dia útil do mês de abril no site da Confederação
Brasileira de Futebol (confira aqui),
conforme previsto no art. 46-A da Lei Profut de nº 9.615, de 24 de
março de 1998. Nesta sexta-feira, a FNF emitiu uma nota no site oficial
referente ao caso, em que se mostra aberta a qualquer e questonamento
dos clubes filiados. Mesmo assim, Marconi Barretto quer ter acesso às
"entranhas" da Federação.
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Foto: Augusto Gomes/GloboEsporte.com) |
Eu solicitei as 'entranhas' da federação, com os detalhes dos gastos
com quem, para quem e como foi feito. Isso é um dinheiro que não
pertence à federação. Nós, que estamos no comando dos clubes, é quem
temos o direito e o dinheiro. Nós precisamos ter acesso às informações.
Não quero ter um clube que participe em um campeonato, que gaste
dinheiro e que se esforce para chegar a um título em uma competição que
teve uma apresentação muito pífia esse ano, com poucos torcedores e
rendas miseráveis no estádios. Nós queremos muito mais que algo geral.
Eu vou organizar a nossa documentação para encaminhar ao Ministério
Público do Rio Grande do Norte. Preciso que haja uma investigação nessas
contas, porque são valores não especificados e que precisam ser
expostos - contou o presidente de honra do Globo FC. Dentre os pontos questionados por Marconi Barretto, estão as "despesas
entre filiados", na qual foram destinados R$ 1.115,233 em doações aos
clubes para pagamento de despesas gerais dos campeonatos Sub-16, Sub-17,
Sub-19 e Sub-20, além dos estaduais das primeira e segunda divisões.
Outra dúvida do dirigente do Globo FC é quanto ao item "despesas gerais e
administrativas". No relatório emitido pela CBF, estão valores
empregados para o pagamento de contas de luz, água, TV a cabo. Dos 27
itens especificados, está o de "prestação de serviços pessoa física sem
vínculo", que passou de R$ 5.850,00, em 2015, para R$ 54.176,00 em 2016. Esse documento não vale nada, porque não tem algo específico.
Gostaria de que esse documento fosse repassado a um contador alheio a
essa situação - reforçou Barretto.
Federação ressalta transparência
José Vanildo conversou com o GloboEsporte.com
e reforçou a transparência nos atos da Federação Norte-rio-grandense de
Futebol. Questionado sobre a ausência no detalhamento do balanço
financeiro do ano de 2016, o presidente disse apenas que as indagações
do Globo FC estão esclarecidas em notas publicadas no site oficial da
entidade (leia a nota ao fim da matéria). Além disso,
revelou ter conversado com o presidente do Tribunal de Justiça
Desportiva de Futebol do estado, Adriano Rufino Sousa da Silva, para que
tomasse ciência do caso. Conversei com o presidente do TJD
(Adriano Rufino Sousa da Silva) sobre o assunto e estamos conscientes.
Eu não sei ao certo o que ele (Marconi Barretto) quer. Os
questionamentos dele estão explicitados no site da FNF. Não há qualquer
ato que contrarie o regulamento do estadual - disse José Vanildo. Advogado da FNF, Diogo Augusto da Silva Moura ressaltou que a
solicitação do Globo FC quanto ao detalhamento financeiro foi atendido
no prazo determinado pela Lei Profut. Contou ainda que não houve um
pedido discriminado da prestação de contas e, que em caso de um novo
requerimento, a busca deve ser feita por meio de um documento oficial do
clube e que se estabeleça um prazo legal para a coleção do material. A federação, com base no artigo 46-A da Lei Pelé, tem obrigação de
prestar suas contas, até o último dia útil do mês de abril. Assim, foi
feito no dia 28 de abril, a apresentação do termo de contas em
referência à Lei Pelé. Limitando-se ao pedido do Globo, ele solicitou o
estatuto e a FNF indicou o link do site da Federação. Quanto ao
demonstrativo das contas, não houve o detalhamento, não houve um pedido
discriminado do referido documento, mas houve a publicação do documento
referente ao no de 2016. A FNF cumpriu com todas as obrigações legais e
não há nenhuma falha ou erro com relação ao pedido do Globo. Foram
esclarecidos todos os detalhes. Qualquer pessoa tem direito ao
documento, que é de ordem pública - enfatizou o advogado.
"Mala Branca" no Campeonato Potiguar?
Marconi Barretto também relatou a possível existência de uma "mala
branca" oferecida por José Vanildo durante o jogo entre o Globo e o
América-RN, no dia 26 de março deste ano, pela quarta rodada do returno
do Campeonato Potiguar. Na ocasição, a partida terminou empatada em 2 a 2.
Fora das quatro linhas, a negociação seria para o pagamento de R$ 1 mil
para cada jogador do clube de Ceará-Mirim em caso de vitória sobre o
Alvirrubro, que enfrentava uma má fase na competição. O presidente de
honra do Globo disse que recusou a oferta e, ao GloboEsporte.com,
revelou achar estranha a maneira de incnetivar os clubes filiados a uma
entidade que coordena um campeonato oficial de futebol. Barretto chegou
a comentar que "isso é uma forma de corrupção". Eu estranho demais essa maneira de oferecer um incentivo financeiro
aos próprios filiados. Ele (José Vanildo) fez comigo uma única vez, em
um jogo contra o América-RN na Arena das Dunas, que foi 2 a 2. Estava
ele e Venício (Soares), secretário da FNF, e me procuraram em um
camarote. Eu recusei de imediato, pois era uma oferta em que seria pago
R$ 1 mil para cada jogador do meu clube. Não preciso disso e nenhum
jogador do meu clube precisa disso. Isso não é incentivo, isso é uma
forma de corrupção e não posso compactuar com um subterfúgio dessa
natureza - esbravejou Marconi Barretto. Por telefone, José Vanildo explicou apenas que a FNF busca mecanismos
para auxiliar os filiados, mas resumiu a situação citando a nota
publicada no site oficial da entidade. Um trecho da nota diz: "Os jogos
que recebem premiação, por vezes, são solicitados pelos próprios clubes e
alguns definidos pela própria FNF, levando em consideração o momento
econômico da entidade, mas sempre ofertados para ambos, de forma
igualitária e com a concordância dos envolvidos". O problema é que isto
não é especificado em regulamento. Valores também não são informados. A
única premiação publicizada é quanto aos campeões dos turnos (ABC e
Globo), que ganharam um carro 0Km. Sobre o assunto, o que posso dizer é que a federação auxilia os
clubes filiados com ajudas durante a competição. Demais, estão
explicitados em uma nota no nosso site - falou Vanildo. A "ajuda" que o presidente da FNF se refere é o repasse para pagamento
de custos extras dos clubes, como ocorreu com o América-RN. O Alvirrubro
jogou a última partida do segundo turno na cidade de Assú, contra o
Assu, e precisou viajar com um dia de antecedência. Na ocasião, o
"bônus" dado pela entidade foi o pagamento da hospedagem para a
delegação americana. A informação foi confirmada pelo presidente do
Conselho Deliberativo do Mecão, José Rocha. Recebi uma ajuda durante os jogos, a partir do dia 1º de abril,
quando assumi interinamente o clube, após a renúncia do ex-presidente
(Beto Santos). Tive três jogos presididos por mim, fiz sete pontos e no
último jogo contra o Assu, que foi fora de casa, ele nos ajudou com uma
verba para custear o hotel, o que nos ajudou muito - revelou Rocha.
Na presidência até 2019
O mandato de José Vanildo se estende até 2019,
após receber apoio em duas Assembleias Extraordinárias na sede da FNF,
que contou com representantes dos clubes potiguares. Na Federação desde
2006, quando ocupou inicialmente o cargo de vice-presidente ao lado do
ex-mandatário Alexandre Cavalcanti, Vanildo assumiu a presidência com a
renúncia do então comandante, no ano seguinte. Em 2009, esticou o
mandato até 2014, onde contou com o apoio maciço dos representantes dos
clubes potiguares. À época, a única oposição havia sido do presidente de
honra do Santa Cruz-RN, Luís Antônio Tomba Farias. Desta vez, Marconi Barretto surge como uma figura de oposição ao
trabalho de José Vanildo. Mesmo com a aproximação da vacância do cargo, o
dono do Globo afirmou que não tem interesse de assumir a condução da
federação. O mandato dele segue até 2019, mas quando há um trabalho da federação
em que não se pode confiar, fica muito complicado. Não tenho o menor
interesse de me candidatar e registro isso em cartório, se for possível.
Não quero cuidar de uma entidade desse modo obscuro. Meu trabalho é com
meu clube em Ceará-Mirim - ressaltou. Em 2012, dois anos antes do fim do mandato, José Vanildo teve o mandato
prorrogado por mais cinco anos, após mais uma Assembleia realizada na
sede da FNF, em que foi aclamado para o cargo máximo do futebol
potiguar. O atual mandato, que teve início em 2015, tem a diretoria
composta ainda por Orlando Caldas como 1º vice-presidente; Ivanildo
Ferreira de Lima como 2º vice-presidente; Tibúrcio Batista da Silva
Filho como 3º vice-presidente; José Marques da Costa Neto como 4º
vice-presidente; e Luiz Dailson Machado como 5º vice-presidente.
Atualmente, José Vanildo também exerce o cargo de secretário de Esporte e
Lazer de Natal, e Marconi Barretto é prefeito de Ceará-Mirim, cidade da
Grande Natal.
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José Vanildo teve o mandato prorrogado até 2019; escolha aconteceu em agosto de 2012, quando Globo nem existia (Foto: Alan Oliveira/Divulgação) |
Leia a Nota de Esclarecimento da Federação Norte-rio-grandense de Futebol
Diante
dos últimos fatos veiculados na imprensa, a Federação
Norte-rio-grandense de Futebol (FNF), entidade de direito privado,
pautado pela ética, lisura e transparência que sempre norteou a
administração desta, vem esclarecer aos interessados que a FNF premia de
várias formas os seus filiados, incentivando assim o futebol potiguar. Como
já é tradição no Campeonato, a FNF, organizadora do campeonato, premia
os campeões de turno com veículos 0Km, independente de quais clubes
estejam envolvidos, dentre outras ações, como premiações em alguns
jogos. Os
jogos que recebem premiação, por vezes, são solicitados pelos próprios
clubes e alguns definidos pela própria FNF, levando em consideração o
momento econômico da entidade, mas sempre ofertados para ambos, de forma
igualitária e com a concordância dos envolvidos. A
FNF vem a publico agradecer a parceria com nossos clubes filiados,
mostrando uma unidade, e ratifica que continuará trabalhando e buscando
cada vez mais premiações para os clubes filiados e assim espera
fortalecer ainda mais o futebol do Rio Grande do Norte.
Atenciosamente,
Atenciosamente,
Federação Norte-rio-grandense de Futebol.
Por Jocaff Souza, Natal
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