Do ápice com a conquista do Campeonato Potiguar no ano do centenário à
eliminação precoce na primeira fase da Série C do Brasileirão. O
América-RN esteve em uma gangorra durante 2015 e, para o lamento da torcida, termina o ano em meio a uma crise financeira, tendo que dar
férias coletivas a alguns funcionários. Há também um impasse
político para a
sucessão eleitoral, já que o mandato do atual presidente, Hermano
Morais, encerra em dezembro e ainda não há candidatos para o cargo.
Outra indefinição é quanto à permanência do técnico Roberto Fernandes no
comando
da equipe para 2016.
Roberto Fernandes lista os "sete pecados" do América-RN
em 2015 (Foto: Jocaff Souza/GloboEsporte.com)
O
GloboEsporte.com
bateu um papo com o ainda comandante alvirrubro, e ele listou os "sete
pecados" que acabaram impedindo o Mecão de conseguir o sonhado acesso à
Série B. Na incerteza sobre a permanência no comando técnico, Roberto Fernandes deve se reunir com a diretoria na segunda-feira, mas preferiu se resguardar sobre os assuntos financeiros. O custo da atual comissão seria de R$ 60 mil, e teria que ser readequado à nova realidade do clube. Eu acho que essa questão financeira é muito interna, até porque existem
algumas coisas que não estão equacionadas. Então, a gente precisa
equacionar e chegar a denominador comum - revelou.
Contratação de "medalhões"
Com
boas passagens pelo rival ABC, o meia Júnior Timbó e o atacante Gilmar
chegaram ao América-RN trazendo a esperança para a torcida americana de
aumentar a qualidade no setor ofensivo. A dupla havia vestido a camisa
do Alvinegro em 2013, na arrancada que livrou o Alvinegro do
rebaixamento à
terceira divisão daquele ano. No Mecão, foram campeões estaduais, mas,
por terem enfrentado
procedimentos cirúrgicos, tiveram problemas físicos e não
conseguiram repetir o desempenho de anos anteriores. Sem espaço e com
altos salários, acabaram deixando o Alvirrubro sem deixar saudade. Para
Roberto Fernandes, a
importância do centenário para o clube provocou uma falta de
"paciência" aos torcedores e aos dirigentes. Mesmo assim, o treinador
não tirou a responsabilidade dos atletas.
Faltou paciência para
que eles pudessem entrar no melhor da sua condição para serem cobrados
da forma correta. Esse foi um ano de muita tensão, desde o início da
temporada, pelo título do centenário. Então, faltou da parte do
América-RN e até da própria torcida um pouquinho mais de tolerância,
mas também faltou deles procurar um desempenho um pouco melhor. São dois
jogadores que são talentosos, fizeram sucesso por onde passaram, mas a
passagem deles pelo América-RN foi muito apagada. Outra coisa foi a
parte financeira que era paga a eles, que pesou para o clube - criticou.
Em
2015, um dos destaques na função de lateral foi o volante Maguinho, que
foi improvisado tanto na direita
como na esquerda. Para encontrar uma solução para o setor, o clube
contratou outros 10 jogadores, que mostraram deficiências seja para
defender, seja para atacar. A exceção,
para Roberto Fernandes, foi o jovem Arthur Henrique, que mostrou uma boa
qualidade técnica, mas que sofreu com diversas lesões musculares. Na
lateral direita, passaram pelo clube Walber, Gustavo, Diogo, Lucas
Néwiton, e, por último, Nininho. O outro jogador é Marcelinho, que não
atuou esse ano
devido ao processo de recuperação de uma lesão no joelho direito,
sofrida no ano passado. Na esquerda, jogaram Magalhães, Julinho e Rafael
Estevam, além de Arthur Henrique. Nós tivemos vários laterais e o melhor deles
foi um volante improvisado no setor, o Maguinho. Sem dúvida, nós não
conseguimos acertar nas laterais. Dentro de um planejamento que
foi feito, as laterais eram os locais de menor investimento. Foram
contratados muitos jogadores numa aposta e nenhum deles quando chegou ao
clube, o torcedor conhecia. Talvez, o Diogo, que veio do Confiança,
mas que depois do estadual precisou ir embora. Ninguém conhecia o Lucas
Néwiton, o Rafael Estevam, Julinho. Nós tivemos um jogador de muita
qualidade e de um futuro muito promissor, que é o Arthur Henrique, mas
as lesões o atrapalham demais. Se o Arthur não tiver um tratamento
cuidadoso para que ele ganhe massa muscular, eu acredito que ele possa
ter problemas e seria uma pena, porque ele é muito talentoso. As
laterais foram, sem dúvida alguma, o maior calo do América-RN esse ano - lamentou Roberto Fernandes.
Jejum do "Homem de Pedra"
Figurando
na lista dos principais artilheiros da temporada, com 21 gols, Max
tornou-se referência dos aplausos e alvo da ira dos torcedores. Com um
início de ano empolgante, o centroavante brigou até a última rodada do
estadual pela artilharia da competição. Marcou gols importantes na Copa
do Nordeste e na Copa do Brasil, mas não conseguiu ajudar a equipe a
avançar nos torneios. Na Série C, enfrentou uma seca de mais de dois
meses sem balançar as redes e foi questionado até pelo próprio
treinador, que, mesmo assim, o manteve como titular. Foram quatro
gols, um a menos que Adriano Pardal, companheiro de ataque. Muito pouco
em 18 jogos da Terceirona.
Max passou dois meses e dois dias sem marcar um gol
na Série C do Brasileirão (Foto: Diego Simonetti/Blog do Major)
Acredito que tenha faltado ao
América-RN mais gente para fazer gols. Uma sombra, não sei. O cara (Max)
estava com 21 gols na temporada. Para contratar um cara para fazer
sombra, o cara tinha que ter, pelo menos, a mesma quantidade de gols.
Quem estava com 20 gols era o Ricardo Oliveira, por exemplo, que é
atacante do Santos, mas é um jogador que não havia qualquer
possibilidade de contratação. Faltou mais gente do elenco para dividir
isso. Na Série C, por exemplo, o nosso artilheiro foi o Pardal, com
cinco gols em 18 jogos. Se nós tivéssemos, pelo menos, mais uns dois ou
três jogadores, teria dividido esse fardo do Max, porque centroavante
com a característica dele, ou ama ou odeia. Quando é que vai amá-lo?
Quando faz gol. Quando para de fazer, se odeia porque não é um jogador
de técnica apurada, é um jogador de presença de área - analisou Roberto.
Cascata foi o principal jogador do América-RN em 2015 (Foto: Canindé Pereira/Divulgação)
Ídolo
da torcida americana, Cascata assumiu o peso de ser o principal jogador
do time na temporada e não baixou a cabeça. A importância do jogador para o clube é tão grande que ele foi o primeiro a ter o contrato renovado para 2016. No início do ano, levou a equipe à conquista
do Campeonato Potiguar na casa do rival ABC, dando o passe para
o gol do zagueiro Flávio Boaventura. Mas quando o
experiente meia não rendeu o esperado pela torcida, o Alvirrubro
desandou. De acordo com Roberto Fernandes, a explicação pode ser a
limitação salarial do clube, que não conseguiu contratar outros
jogadores com a mesma qualidade de Cascata ou até de manter outras
peças, como o meia Daniel Costa, que se transferiu para o Santa Cruz e
atua como titular na equipe que briga pelo acesso à Série A do
Brasileirão. A questão de dependência do Cascata passou muito
pelo momento financeiro do clube, que tem um diretoria que tem
responsabilidade, que muitas vezes precisou fazer esforço pessoal para
poder quitar os salários. Com isso, ao longo da temporada, nós tivemos
que abrir mão de jogadores importantes, tais como o Daniel Costa, que é
titular no Santa Cruz e está no G-4 da Série B. Como é que o cara serve
numa Série B e não iria servir para a gente? Lógico que servia, mas a
gente precisava equacionar financeiramente. A equipe acabou tendo essa
dependência do Cascata e no momento em que ele não esteve bem, nós não
produzimos - contou.
Busatto foi um dos destaques na conquista do Campeonato Potiguar, mas as falhas contra o
Vasco, pela Copa do Brasil, e o Salgueiro, pela Série C, foram fatais. Retirado do posto
de titular, acabou emprestado ao Atlético-GO. Pantera
assumiu a titularidade em meio à desconfiança da torcida e, apesar de
um "frango" contra o Cuiabá, soube manter a tranquilidade e passar
segurança ao grupo alvirrubro. São dois estilos completamente
diferentes. Se culpa muito o Busatto pelo frango que ele tomou contra o
Salgueiro, que resultou no empate, além do incidente na Copa do Brasil.
Mas o Pantera também sofreu um gol bastante defensável no jogo contra o
Cuiabá. O Pantera entrou no momento certo e deu uma tranquilidade
defensiva, tanto que até reduziu o número de gols sofridos pelo time - disse o treinador.
Perda do "xerife" Boaventura
Flávio Boaventura foi a contratação mais polêmica do América-RN em 2015.
Identificado com o rival, por conta da passagem de dois anos no ABC,
foi hostilizado nas redes sociais por alguns torcedores americanos e
chegou até a publicar um vídeo, pedindo desculpas por uma fotografia em
que aparece debochando do rebaixamento do América-RN à Série C. No
entanto, com bom futebol e disposição, assumiu a liderança da defesa
alvirrubra, garantindo a confiança do restante do elenco e do técnico
Roberto Fernandes. O presente foi o gol marcado na final do Campeonato Potiguar, justamente em cima do ex-clube, ABC. Na comemoração, a seriedade deu lugar à irreverência, e Boaventura deu uma "voadora" em uma das bandeirinhas do Frasqueirão, fato amplamente disseminado nas redes sociais. Durante a Série C, um
acidente automobilístico na Rota do Sol, na zona Sul de Natal,
interrompeu a sequência do jogador no Alvirrubro. A perda de um dos
pilares na equipe titular prejudicou o América-RN. Ele ficou fora da
equipe nas últimas seis rodadas da
primeira fase, tratando um corte profundo que sofreu na coxa esquerda.
Roberto Fernandes
lamentou a ausência do jogador e a perda do "xerife" em campo. Comprometeu e muito. Um jogador importante, um zagueiro que se impõe no
setor, não deixa de ser um líder e ficou fora em seis jogos na reta
final - lamentou RF.
Expulsão de Zé Antônio Paulista
Na luta pelo
acesso, o América-RN deixou escapar a classificação nas últimas rodadas. O empate com o Cuiabá em 2
a 2, na Arena Pantanal, e a derrota por 1 a 0 para o Confiança, no
Estádio Batistão, comprometeram os planos do clube. No meio do turbilhão, o volante Zé Antônio Paulista, um dos
jogadores tratados com perfil de liderança, enfrentou um grave problema
pessoal e precisou se ausentar três vezes de Natal em menos de 10 dias. O estopim do momento turbulento foi a expulsão na partida contra o Confiança, na 17ª rodada. Para o
técnico Roberto Fernandes, Zé
estava com a cabeça bem longe do América-RN e não
conseguiu jogar seu melhor futebol. Todo jogador é um ser
humano e tem coração. Infelizmente, assim como o Flávio (Boaventura), o
Zé teve, na reta final de competição, alguns problemas pessoais de muita
gravidade com o nascimento da filha dele. Com isso, nos últimos 10 dias
de trabalho, ele precisou se ausentar três vezes e teve que sair de
Natal. Com toda a certeza, o foco dele já não estava como era antes,
porque ele é um grande jogador, mas atravessou um problema pessoal que o
atrapalhou - explicou Roberto Fernandes, que se compadeceu com o problema do atleta.
Por Jocaff SouzaNatal
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